A vinha de Nabote e a primogenitura de Esaú

A vinha de Nabote e a primogenitura de Esaú

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:32

Acordei cedo em um sábado e comecei a procurar um programa decente na TV. Estava difícil. Passei por vários programas evangélicos só para descobrir que eles continuam os mesmos de sempre.

Entre o testemunho de conquista material e um pedido de contribuição o programa no ar, sou levado a pensar na vinha de Nabote. Se o termo não estivesse tão desgastado, diria que recebi uma revelação. Mas ultimamente esta palavra vem me causando certo desconforto. Desliguei a TV e peguei a Bíblia, abrindo em I Reis 21:3.

Comecei a questionar-me: será que estamos dando o devido valor à herança que recebemos de Cristo. Passada durante séculos e séculos de geração para geração?

Precisamos entender que há valores que não são negociáveis. E nós recebemos esses valores de nossos pais, de nossos pastores, professores de Escola Bíblica Dominical, etc. Cabe a nós decidir o que fazer com esta herança. Podemos nos comportar como Esaú, vendendo a herança por um prato de lentilhas. Ou, como Nabote, estar prontos a morrer, se preciso for, para defender aquilo que recebemos.

Acabe não compreendia o valor dado por Nabote àquele pedaço de chão, porque não via ali mais que uma simples vinha. Nabote via muito mais que isso. Aquela vinha o ligava a importantes tradições que, graças à influência estrangeira representada por Jezabel, Israel começava a perder. Assim como, nós estamos, hoje, perdendo tradições que, apesar de não produzirem por si só a salvação, eram importantes para acentuar nossa separação do mundo. "Acabes" (líderes cristãos), influenciados por "jezabéis e seus sacerdotes", estão negociando esta importante herança de nossos pais.

Tenho que fazer uma "mea culpa". Hoje, olho para o passado com muitas saudades de algumas tradições eclesiásticas que ajudei a combater na minha juventude. Naquela época, eu ainda não tinha aprendido a enxergar a vida pelos olhos de Nabote. Ainda pensava como Esaú.

Mas, graças a Deus, ainda não é tarde para evitar que os súditos do Reino de Deus percam a sua identidade. Mas, para isso, é preciso barrar a influência "estrangeira". Parar de usar aquela famosa frase: "isso não tem nada a ver!"; "usos e costumes não vão te levar pro Céu!". Hoje eu sei que tudo "tem a ver". A herança, por mais insignificante que pareça, não pode ser negociada.

Precisamos valorizar a nossa cultura. Pertencemos a um povo diferente. Com cultura diferente. Filosofia diferente. Música diferente. Dança diferente. Discurso diferente. Comida diferente. Bebida diferente. Comportamento diferente. TUDO DIFERENTE! Afinal, este é o Reino de Deus e os súditos deste Reino devem se comportar como tal. E, lembre-se, nada preserva mais a identidade de um povo que a manutenção de suas tradições! Principalmente aquelas que mais o diferencia de outros povos.                                               

Elias Soares é pastor, escreveu artigos literários para a revista "O Poder da Oração", e autor do livro "O espetáculo em Nome da Fé",  onde aborda a ética cristã e sua vivência.

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