O fato de as crianças serem mais chatas para comer tem uma explicação evolutiva, aponta estudo da pesquisadora Lucy Cooke, do Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da Universidade College London.
Segundo a pesquisadora, naturalmente as crianças demonstram aversão ao novo, preferindo os alimentos familiares, com sabores mais simples e doces.
No passado, isso promovia a sobrevivência, mas, no mundo moderno, pode ter efeitos adversos na qualidade da dieta, diz ela em um artigo. O grande problema é quando o medo do novo persiste na idade adulta.
- Onívoros (que se alimentam de animais e vegetais) têm a vantagem de possuir uma variedade de opções de comida, mas enfrentam o desafio de identificar quais são saudáveis.
A nutricionista Hellen Coelho, que desenvolveu na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo um estudo para descobrir como funciona o paladar infantil, explica que, quanto mais nova a criança, mais sensível ela é aos sabores azedo e amargo.
- Com o tempo, essa sensibilidade vai diminuindo, por isso as pessoas passam a gostar de café e de cerveja, por exemplo. Mas os hábitos alimentares têm forte influência.
Virgínia Weffort, presidente do Departamento de Nutrologia da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), conta que até os 12 meses de idade a preferência pelos sabores doce e salgado predomina.
- Se a criança não for estimulada a experimentar alimentos variados, não aprende a gostar de outros sabores.
Segundo as recomendações da SBP, é preciso oferecer pelo menos dez vezes um alimento para a criança, em diferentes situações e apresentações, antes de ter certeza de que ela não gosta.
- Com insistência e oferecendo o alimento de formas diferentes é possível vencer a aversão inicial. Após os 3 anos, esse processo se torna cada vez mais difícil.