O estresse diário tem implicações físicas e psicológicas nas pessoas. Os efeitos dessa condição já foram documentados em inúmeros estudos e se relacionam com diversas situações. O estresse leva a alterações alimentares, distúrbios do sono, problemas no relacionamento e no trabalho, além de outras alterações na saúde do organismo.
Recentemente, uma série de estudos tem apontado para os riscos do estresse social em que as relações sociais causam alguma tensão, levando ao processo de estresse do organismo. Entre esses riscos do estresse social, o que mais chama a atenção é a alimentação exagerada e consequente ganho de peso nos indivíduos que estão sofrendo com a condição.
Um estudo recente, da Universidade de Cincinatti, observou os efeitos do estresse no padrão alimentar e consumo calórico de modelos animais expostos a níveis de estresse diário. O resultado mostrou que esses modelos animais não só eram impactados em curto prazo como mostraram alterações metabólicas que contribuíam para um maior risco de desenvolver obesidade. O estudo foi liderado por Susan Melhorn e publicado no periódico American Journal of Physiology Regulatory, Integrative and Comparative Physiology.
Hábito alimentar pode causar mudança no metabolismo
O padrão alimentar de uma pessoa (como número de refeições, tempo comendo e tamanho das porções) pode afetar o metabolismo. Estudos feitos tanto com modelos animais como em humanos já demonstraram que fazer menos refeições com quantidades muito grandes contribui para o aumento da chamada massa gorda no corpo e aumenta os níveis de triglicérides, lipídios e colesterol, independentemente da quantidade de calorias ingerida. Portanto, combater o ganho de peso passa por uma readequação do padrão alimentar, fazendo mais refeições e com porções menores.
O efeito do estresse nos modelos animais impactou, inicialmente, o padrão alimentar. Os animais mais estressados comiam fora do horário habitual, tinham o padrão de sono alterado, consumiam grandes quantidades de comida, faziam menos refeições e, portanto, aumentavam os níveis de gordura visceral (na região da barriga).
Mesmo após o estresse ser controlado, esses padrões se perpetuavam, indicando que, em longo prazo, as mudanças metabólicas se mantinham, levando ao ganho de peso contínuo. Uma dessas mudanças metabólicas foi observada no cérebro, onde a região responsável pela ingestão alimentar ficava comprometida durante os eventos de estresse, não enviando sinais claros de satisfação para o organismo.
Os pesquisadores lembram que mais estudos são necessários, porém a relação entre estresse e obesidade se mostrou clara o suficiente para a continuidade das pesquisas. "Dessa forma", concluem os pesquisadores, "controlar esses fatores pode ajudar a controlar diversas outras doenças e malefícios para a saúde."