A Bíblia destaca personagens importantes que foram levantados por Deus para cumprimento do Seu propósito. Nomes como Noé, Abraão, José, Moisés e entre outros, são exemplos de fé para aqueles que almejam ser usados pelo Senhor na Sua seara.
No Novo Testamento, o ministério pastoral tem um destaque importante, primeiro porque o próprio Senhor Jesus Cristo é o nosso Sumo Pastor (João 10). E a segunda razão, o apóstolo Paulo faz menção da importância do ministério pastoral em Efésios 4:11.
Qual é a importância do ministério pastoral? Mendes responde que o ministério pastoral “é um instrumento que o Senhor usa na edificação e expansão da sua igreja.” Notemos que, com base dessa definição, a influência de dois pastores arminianos: Jacó Armínio e John Wesley, ambos representantes do arminianismo, exerceram também a função pastoral.
Armínio foi pastor reformado em Amsterdam na Holanda. Enquanto Wesley, foi ministro anglicano na Inglaterra. Armínio “ganhou a fama de bom pastor e ensinador.” John Wesley é sempre mencionado como “teólogo prático”. Segundo Collins, “a prática de Wesley é claramente uma forma viável de fazer teologia em sua orientação da missão da igreja, em seu cuidado em relação à realização da verdade escritural e em seu serviço ao pobre.”
Em dias de crises ético, religioso e até mesmo pastoral, a liderança pastoral nunca deixou de ser importante, pois o pastor é uma referência para a igreja que lidera. Se a liderança é mercenária nas suas motivações, os seus membros serão tratados como “produtos”. Se a liderança não se preocupa com um ensino teológico sadio, automaticamente os membros serão francos no entendimento teológico. Mas se a liderança se preocupa com ensino bíblico e teológico, os membros da comunidade da fé só terão a ganhar no “enriquecimento espiritual.”
Embora Armínio e Wesley sejam de épocas diferentes, ambos possuem algo em comum: se preocupavam com vidas. Infelizmente, essa caraterística não tem sido algo em comum nas lideranças evangélicas.
Líderes que lidam com a comunidade de fé como “império” e “empresa”, têm postura vergonhosa em nosso país. Armínio e Wesley, em nenhum momento de suas vidas, demonstram “intenções maliciosas” em usar vidas para fins próprios. Eram fossem homens falhos (como um ser humano qualquer), carregavam a seriedade da mensagem do nosso Senhor Jesus Cristo.
O desafio pastoral desde o período da igreja primitiva aos dias atuais, requer que pastores e candidatos ao ministério pastoral tenham postura ética e zelo pelas Escrituras, pois precisamos responder com integridade as questões da atualidade (1 Pedro 3:15).
Armínio e Wesley, como pastores, souberam responder os desafios do seu contexto histórico e cultural, sem perderem a sua identidade e essência da sua fé e santidade em Cristo Jesus. Embora, alguns líderes estejam deixando de lado a sua “identidade teológica”, por influência do “marketing gospel”, os que amam a Deus e a Sua palavra, devem permanecer firmes, evidenciando nas pregações a centralidade do Senhor Jesus Cristo; reforçando a identidade teológica e ajudando o rebanho a compreender o legado que os reformadores deixaram para nós.
Armínio e Wesley honraram ao Senhor Jesus Cristo, honraram o legado dos reformadores e não se desviaram da sua fé. Um grande exemplo que foi deixado para nós!
Bibliografia:
COLLINS, Kenneth J. Teologia de Wesley. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
DANIEL, Silas. Arminianismo – A mecânica da salvação: Uma exposição histórica, doutrinaria e exegética sobre a graça de Deus e a responsabilidade humana. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
MENDES, José Deneval. Teologia Pastoral – A postura do obreiro é indispensável para o êxito no ministério cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.
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