Toda data comemorativa possui uma característica peculiar de um marco histórico. Não é diferente com a Reforma Protestante. Mas afinal, qual é a relevância desse acontecimento? O teólogo Bengt Haggundo responde que “as primeiras manifestações de Lutero alcançaram repercussão diminuta. Mas, quando afixou suas 95 Teses em 31 de outubro de 1517, iniciando assim o conflito contra o florescente abuso do sistema das indulgências, provocou a tempestade que em pouco tempo o conduziu a um completo rompimento com a igreja de Roma e sua teologia” (HAGGUNDO. 2003. Página 182).
A Reforma Protestante rompeu com poder majoritário do Catolicismo Romano que dominava as terras países católicos e direcionava as condutas das pessoas. Vale aqui destacar que antes da atitude de Lutero, “existiram pré-reformadores, que não planejavam deixar a Igreja, mas sim corrigir os rumos, protestando contra a corrupção e o luxo que nela se instalara” (FERREIRA. 2017. Página 17). Os nomes como John Wycliffe e John Huss são os mais conhecidos.
A influência da reforma, abriu as portas para países mudarem a fé católica para a fé protestante. O sistema feudalismo para o capitalismo. Surgimentos de novas igrejas nacionais. A Bíblia foi traduzida para língua da nacionalidade. Construção de escolas públicas para alfabetizar o povo, entre outros benefícios.
Em dias de crises existenciais, de identidade e espirituais, o legado da reforma nos oferece uma resposta para os desafios da atualidade. A Bíblia é nosso manual de fé e prática, oferece a resposta ao humano que ele necessita de adorar ao Deus eterno e soberano. Nesses dias de ausência de identidade, temos a Bíblia que nos ensina que Jesus Cristo morreu pelos nossos pecados (João 3:16), quem O recebe se torna filho de Deus (João 1:12), e vive em novidade de vida (2 Coríntios 5:17).
A espiritualidade religiosa é um assunto atual e ao mesmo tempo complexo, porque são apresentados vários tipos de espiritualidades que são superficiais e vazias nas suas propostas e, ao mesmo tempo, enaltece a natureza humana. Mas a pregação da cruz que os reformadores pregavam, era o engrandecimento da graça de Deus. A humanidade está morta no pecado (Efésios 2:1), não tem mérito na salvação. Só Deus em Sua iniciativa que nos salva mediante a Sua graça (Efésios 2:8). Enquanto as falsas espiritualidades afirmam que os humanos são merecedores, a graça de Deus põe os humanos em seu devido lugar: carentes de graça de Deus. Sem ela, ninguém pode se salvar!
O legado dos reformadores tem sua relevância para a igreja brasileira nos dias atuais. Cabe a nós darmos continuidade à herança que chegou até nós!
Bibliografia:
FEREIRA, Paulo. A Reforma em Quatro Tempos-Desdobramentos na Europa e no Brasil. Rio de Janeiro. CPAD. 2017.
HAGGLUND, Bengt. História da Teologia. Porto Alegre. Concórdia. 2003.
Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.
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