É difícil enxergar, respirar ou andar com poeira nos olhos. O melhor é seguir o conselho popular e esperar a poeira baixar. O termo ganhou conotações abrangentes. Frente a escândalos, pressões, protestos, manifestações, perseguições, o conselho não demora a surgir: melhor esperar a poeira baixar. Haja poeira! Situações adversas parecem não ter fim. Poeira levantada e soprando pra todo lado é o que não falta. Nas famílias, nas empresas, nas políticas, nas igrejas e, num aspecto que a todos estes cenários engloba, nos relacionamentos.
E como esperar a poeira baixar? Passivelmente? Silenciosamente? Acomodadamente? Penso que são estas as formas que os “levantadores de poeira” gostariam. Penso que é isso que os “aproveitadores” de poeiras levantadas gostariam, fazendo calar milhares diante dos óbvios transtornos da poeira. Levando alguns a desistirem das lutas, outros a se fecharem em seus refúgios, uns a evitarem o contato, a reconciliação, o perdão. Pelo menos até a poeira baixar. Mas para alguns, parece que nunca baixa.
Os antigos rabinos de Israel tinham um ditado para os seus discípulos e, para nós, ainda hoje, muito apropriado: “Cubram-se com a poeira do seu rabino”. Em outras palavras, grudem nos passos que dá seu mestre, a tal ponto que a poeira levantada pelos pés dele cubra seus pés.
Em Cristo somos novas criaturas. De Cristo, somos discípulos. A ideia dos antigos rabinos deveria nos fazer pensar. Preciso estar o tempo todo próximo aos passos de Jesus. Somente a proximidade produz cumplicidade, profundidade, conhecimento. Enfim, intimidade é algo possível somente para pessoas próximas.
Seguir a Cristo de perto é querer se encharcar nas poeiras da mesma terra por onde Ele anda. E onde Ele anda é, enfim, o caminho que Ele mesmo nos convida a caminhar.
E no caminho dEle tem poeira ainda hoje? Certamente. Essencialmente, o cristianismo é um caminho contracultura. Temos de dizer não para muitas coisas, situações, modas, tendências e pessoas aos quais o mundo sempre fala sim. Temos que, vez por outra, por o dedo em feridas. Temos, gostemos ou não, de levantar poeira como Cristo levantou através de atitudes que, para a patrulha do “politicamente correto”, são impopulares.
E quando a poeira baixar? Bem, aí é só aproveitar as águas de descanso, as sombras para boas reflexões e curtir cada oásis que empoeirados que seguem a Jesus sempre encontram. Não se intimide com a poeiras, os ventos do Espírito as levam, mas todo aquele que faz a vontade do Senhor, com ou sem poeira, prevalece.
Paz!
- por Edmilson Mendes
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