Jesus foi claro com os pescadores que chamou: de agora em diante vocês serão pescadores de homens. Mais que ouvir, era necessário obedecer a nova perspectiva de vida que estava sendo orientada por Cristo. Depois de participarem de um intenso treinamento aprendendo aos pés do Mestre, a história da igreja primitiva registra que aqueles homens abraçaram vigorosamente a missão, saíram pra pescar homens.
E se resolvessem não seguir os conselhos de Jesus? Conheço uma história que pode nos ajudar a encontrarmos uma resposta coerente. É uma história de um profeta, um homem com um chamado singular, uma vocação especial, com talentos dados por Deus, e que simplesmente resolveu agir em oposição ao que Deus lhe havia determinado.
Provavelmente você também o conhece, falo sobre o profeta Jonas. A ordem para ele pescar homens era clara: Vá até Nínive e pregue sobre a urgência de que o povo se arrependa, caso contrário destruirei a todos, pois os seus pecados se tornaram insuportáveis. O que Jonas fez? Comprou uma passagem numa embarcação para Társis, um ponto totalmente oposto a Nínive, na época, simplesmente o lugar mais distante daquele para o qual Deus havia ordenado que ele fosse.
Na viagem as coisas não andaram bem. O navio correu riscos reais de naufragar, até que descobriram no porão da embarcação, o profeta, assim como descobriram que a culpa era dele. Então o jogaram ao mar e tudo se acalmou, pelo menos para os que ficaram no navio. Jonas, no entanto, acabou sendo engolido por um grande peixe.
No peixe refletiu, se arrependeu e clamou por misericórdia. Deus o livrou, fazendo o peixe o “cuspir” na praia de Nínive. Então ele pregou e todo o povo se arrependeu, resultado sonhado por dez entre dez evangelistas! Menos por Jonas. O profeta ficou decepcionado, frustrado e triste, afinal Deus poupou os moradores de Nínive, enquanto Jonas queria o extermínio deles.
O profeta senta-se debaixo da sombra de uma planta, Deus envia um vermezinho que mata a planta, o profeta pragueja de novo. O livro, de forma magistral, termina com uma pergunta de Deus ao profeta: Por acaso eu não teria misericórdia de homens e mulheres que não sabem distinguir sua mão direita da sua mão esquerda?
O livro que leva o nome do profeta Jonas é riquíssimo em suas lições. E é muito bom saber que a última palavra pertence ao Senhor, sempre. Na minha vida, na sua vida. Do começo ao fim do livro o que vemos é a soberania de Deus agindo, na natureza, no grande peixe, no invisível verme, é Ele que a tudo dirige e governa.
Uma das grandes lições é prática, serve para todos nós: Tem dias que nós pegamos o peixe, e tem dias que o peixe nos pega. Quando exatamente pegamos? Quando obedecemos. E quando somos pegos? Quando obstinadamente insistimos em fugir da vontade do Senhor em declarada e consciente desobediência.
Pense nisso. Por conta de nossas insistentes desobediências, muitos tipos de “grandes peixes” nos engolem, situações tão inusitadas como ser engolido por um peixe acabam por nos fisgar. Por outro lado, sempre que resistimos a fim de permanecermos em obediência ao Pai, o fluir da vida segue com o propósito para o qual Deus nos criou.
Por último, ainda que seja difícil compreendermos alguns caminhos estabelecidos por Deus pra nós, devemos confiar e seguir. Afinal, Ele vê todos os cenários, sabe o que está lá na frente, nos lados, até mesmo no fundo dos mares. Mais que saber, a tudo Ele controla e faz acontecer na hora certa em favor de seus filhos. Homens, vamos pescar homens, esta continuará sendo a missão da igreja em todos os contextos, trabalho, escola, comércio, lazer, enfim, somos e devemos ser missionais na fé e intencionais na ação.
Edmilson Ferreira Mendes é escritor, pastor, teólogo, observador da vida.
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