“É verdade esse bilhete!” Aham... Pode até ser verdade, mas ninguém sabe como surgem os memes, de onde se originam, pra onde vão, o fato é que de repente, bum!, explodem e viralizam na internet. A expressão “você que lute” está bombando nas redes. A situação surge nas cenas mais corriqueiras, como chegar um segundo atrasado no banco, encontrar a porta fechada e ter de ouvir do amigo: você que lute! O feijão queimou, o carro morreu, o pneu furou, o portão do Enem fechou, o avião partiu,... você que lute!
Memes também podem ser ensinadores, neste caso traz à memória uma realidade que jamais deveríamos esquecer, ao vir ao mundo todos nós fomos lançados no meio de uma luta ou, se preferir, de várias lutas. Lutas começam cedo. Por alimento, por espaço, por reconhecimento, por direitos, por oportunidades, por amor, por uma vaga, por um lugar. Parece que ouvimos uma voz dizendo quase todo dia: você que lute!
Deixando um pouco de lado as lutas do parágrafo acima, comuns a todos, Winston Churchill afirmou que é “melhor lutar por algo, do que viver para nada”. Pelo quê você tem lutado? Existem propósitos significativos pelos quais suas lutas sejam plenamente justificadas? Suas lutas valem a pena? Aceitar a filosofia niilista que tudo terminará num grande nada nos torna presas vulneráveis em meio as lutas, ou, piorando um pouco, nos torna lutadores insanos lutando sem saber porquê se luta.
Neste ponto, a visão poética de Machado de Assis nos ajuda: “A vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal”. Imagine se todos os oceanos do planeta fossem como o mar morto, sem vida, sem esperança, sem o desafio à... luta?!?! Já pensou? Navegar é preciso. Encarar nossos mares pessoais é mais que necessário, é vital.
E é vital por causa das palavras de outro grande lutador que passou por aqui, um que soube manejar com maestria sua pena ao dizer que “só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo”, Carlos Drumond de Andrade. Bem no alvo! Drumond vai direto na ferida, a luta contra os caprichos do nosso eu, contra os desejos da nossa carne, é a mais difícil, complexa e fundamental para nossa vitória nesta vida.
Paulo, apóstolo, foi absolutamente honesto quando aos Romanos 7 admitiu suas lutas internas, confessando a sangrenta batalha que se travava em sua alma sobre o bem que seu espírito queria fazer e o mal que sua carne preferia. A medida que vamos lendo as palavras de Paulo, vamos enxergando nossa própria miséria que, como acontecia com ele, se repete diariamente em nós.
É somente na abertura do capítulo 8 de Romanos que Paulo encontra vitória para suas lutas. É somente ali que a gente percebe que o “você que lute” será muitas vezes uma luta perdida se continuarmos a tentar sozinhos. Em Romanos 8:1 fica claro que a única chance do meme ser favorável a nós é se chamarmos mais alguém pra luta: “Agora, pois, já não existe nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus”! Ou seja, ainda que perca o ar de moderninho, o meme deveria ser “você que lute ao lado de Cristo”!
Ahh, então quer dizer que se eu tiver Cristo ao meu lado não perderei nenhuma luta mais? Depende. Explico. Existem lutas que o melhor pra gente é perdê-las. E somente Cristo sabe quais são, pois somente Ele tem olhos para ver o presente, o passado e o futuro, conhecendo antecipadamente as consequências exatas das conquistas. Possivelmente a conquista de uma Ferrari por um garoto de 15 anos poderá não ser boa pra sua vida, por mais que pareça o contrário, entende?
Quando Jesus morreu naquela cruz, todo o inferno achou que Ele estava derrotado. Para os seus seguidores e todo o povo que testemunhou aquele dia, tudo ali era entendido como uma acachapante derrota, uma perda inequívoca na luta. No entanto, pelos textos bíblicos e pela fé, sabemos que naquela cruz aconteceu exatamente o contrário, a vitória definitiva do Cordeiro. Ali foi o Dia D, como na Normandia, ali a guerra foi ganha. Filhos de Deus não fogem à luta, pois sabem que não lutam sozinhos, têm sempre no comando o Rei dos reis e Senhor dos senhores.
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: "Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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