O livro de Provérbios foi escrito, em sua grande parte, por um rei, o rei Salomão. Ele tangeu muitos temas nessa obra monumental. A questão política não ficou de fora. Destaco, aqui, dez conselhos que ele deu sobre política. Vejamos:
Em primeiro lugar, os governantes devem andar dentro das quatro linhas da lei. “Os que desamparam a lei louvam o perverso, mas os que guardam a lei se indignam contra ele (Pv 28.4). A observância da lei leva o governante a indignar-se com os perversos em vez de louvá-los. Um político cuja vida e administração não são pautadas pela lei, inverte os valores, elogiando os perversos em vez de ficar indignado com suas práticas não republicanas.
Em segundo lugar, os governantes devem ser justos para que a sociedade seja próspera. “Quando triunfam os justos, há grande festividade; quando, porém, sobem os perversos, os homens se escondem (Pv 28.12). O governo dos perversos leva os homens a baterem em retirada para o esconderijo em vez de promover alegria, trabalho e conquistas. Os governantes precisam ser justos e não perversos.
Em terceiro lugar, os governantes devem proteger o povo em vez de destruí-lo. “Como leão que ruge e urso que ataca, assim é o perverso que domina sobre um povo pobre” (Pv 28.15). O leão ruge para espantar sua presa e atacá-la mortalmente. O urso ataca para devorar. É assim que o perverso domina sobre um povo pobre. O governo perverso explora o povo em vez de servi-lo. Ataca o povo em vez de protegê-lo.
Em quarto lugar, os governantes não devem ser tolos. “O príncipe falto de inteligência multiplica as opressões, mas o que aborrece a avareza viverá muitos anos” (Pv 28.16). Os que se candidatam à vida pública precisam ter vocação, preparo e ética. Governantes despreparados e tolos potencializam as opressões. Governantes que ascendem ao poder para se locupletarem, amando a avareza, encurtarão seus dias, mas aqueles que aborrecem a avareza viverão muitos anos.
Em quinto lugar, os governantes não podem ser injustos e parciais. “Parcialidade não é bom, porque até por um bocado de pão o homem prevaricará” (Pv 28.21). Os governantes não podem ser parciais. Não podem ter dois pesos e duas medidas. A parcialidade abre as torneiras da corrupção. Um governo parcial induz a prática da prevaricação e incentiva o crime.
Em sexto lugar, os governantes não podem oprimir o povo com pesados impostos. “O rei justo sustém a terra, mas o amigo de impostos a transtorna” (Pv 29.4). É lícito e legítimo os cidadãos pagarem impostos. Não é justo, porém, os governantes oprimirem o povo com pesados tributos. Os governantes precisam promover o empreendedorismo e o crescimento econômico do povo em vez de criar mecanismos de exploração para oprimir o povo.
Em sétimo lugar, os governantes não devem se cercar de conselheiros mentirosos. “Se o governador dá atenção a palavras mentirosas, virão a ser perversos todos os seus servos”. (Pv 29.12). Governantes que se cercam de bajuladores e conselheiros mentirosos abrem escolas de perversidades e multiplicam os perversos em seu reino. O trono deve ser estabelecido sobre o fundamento da verdade. A justiça deve governar e não a mentira.
Em oitavo lugar, os governantes precisam cuidar para que os pobres sejam tratados com justiça. “O rei que julga os pobres com equidade firmará o seu trono para sempre” (Pv 29.14). Muitos reis em Israel se juntaram aos poderosos para negar o direito ao inocente e para oprimir os pobres, tornando-se parciais em seu julgamento. Muitos juízes vendiam sentenças por dinheiro, para torcer a lei e oprimir os fracos. Os governantes precisam ser íntegros e justos e não parciais.
Em nono lugar, os governantes não podem fazer alianças com ladrões. “O que tem parte com o ladrão aborrece a própria alma; ouve as maldições e nada denuncia” (Pv 29.24). Os governantes precisam ser honestos e fazer alianças com pessoas honestas. Políticos corruptos têm rabo preso e ficam amordaçados. Tornam-se covardes e se calam diante do crime, por estarem envolvidos nos mesmos esquemas de roubalheira.
Em décimo lugar, os governantes devem ter valores absolutos. “Para o justo, o iníquo é abominação, e o reto no seu caminho é abominação ao perverso” (Pv 29.27). Há uma clara diferença entre luz e trevas, justiça e perversidade. O justo não aprova a pauta do iníquo nem o perverso tem prazer na prática do justo. O governante precisa ter princípios inegociáveis e valores absolutos. Certo é certo, errado é errado. Ele não pode vender sua consciência nem transigir com a verdade.
Que Deus ilumine nosso povo na escolha de sua liderança política!
Hernandes Dias Lopes é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, escritor, membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil e diretor executivo da Editora Luz para o Caminho.
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