Miquéias profetizou no período dos reis Acaz e Ezequias, sobre Samaria e Jerusalém, setecentos anos antes de Cristo. Sua voz, porém, ressoa do pico dos outeiros, atravessando os séculos, para bradar aos ouvidos da nossa nação. O que Miquéias denunciou nos seus dias, que serve de alerta ao povo brasileiro?
Em primeiro lugar, ele alertou sobre um sistema aparelhado para o mal (Mq 2.1,2). Os homens poderosos não só maquinavam o mal, mas, também, o praticavam porque o poder de fazê-lo estava em suas mãos. Assaltavam bens públicos e privados, a um homem e à sua herança. O papel dos governantes é cuidar dos interesses do povo, promovendo o bem e coibindo o mal (Rm 13.1-7).
Em segundo lugar, ele alertou sobre a inversão de valores (Mq 3.1,2). A questão em Samaria e Jerusalém não era apenas de tolerância ao mal, mas de uma total inversão de valores. Naquele tempo se aborrecia o bem e amava o mal. O certo era tido como errado e o errado aplaudido como certo. Não é essa a agenda que muitos querem implantar no Brasil? Querem estabelecer um regime socialista que tem levado nações à miséria e à falta de liberdade; querem aprovar a lei do aborto; querem aprovar a lei da liberação das drogas; querem impor a ideologia de gênero nas escolas; querem invadir terras, desrespeitando o direito de propriedade privada; querem engordar o Estado para abrir as torneiras da corrupção. É tempo de ouvir o alerta do profeta Miquéias!
Em terceiro lugar, ele alertou sobre a mensagem sedutora dos falsos profetas (Mq 3.5,11). Muitos falsos profetas e sacerdotes, por vantagens pessoais, apoiavam esses poderosos tiranos, mestres da mentira e da opressão, anunciando paz quando tinham o que mastigar e apregoavam guerra santa contra aqueles que lhes fechavam as torneiras da corrupção. Os falsos profetas nunca estiveram ao lado da verdade. Por amor ao dinheiro, ainda vendem sua consciência e fazem errar o povo.
Em quarto lugar, ele alertou sobre a injustiça daqueles que davam sentenças (Mq 3.11). Miquéias diz que os cabeças de Samaria e Jerusalém davam as sentenças por suborno e ainda drapejavam o estandarte da confiança inabalável, dizendo que o Senhor estava no meio deles, e, portanto, nada lhes aconteceria de mal. A justiça estava sendo sonegada ao povo. Os tribunais da época estavam aliançados com esquemas de corrupção que assolavam a nação.
Em quinto lugar, ele alertou sobre o conluio dos poderosos para a prática do mal (Mq 7.3). O aparelhamento para a prática do mal era notório em Samaria e Jerusalém. Vejamos: “As suas mãos estão sobre o mal e o fazem diligentemente; o príncipe exige condenação, o juiz aceita o suborno, o grande fala dos maus desejos de sua alma, e, assim, todos eles juntamente urdem a trama” (Mq 7.3). O sistema estava todo contaminado. O esquema de corrupção tinha capilaridade em todos os setores da sociedade. Os tentáculos da violência contra o povo estavam amordaçando a justiça e oprimindo o povo.
Hernandes Dias Lopes é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, escritor, membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil e diretor executivo da Editora Luz para o Caminho.
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