“Mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia, Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8).
A igreja é o povo chamado para fora do mundo, para voltar ao mundo, como testemunha de Cristo no mundo. Não sendo do mundo, vive no mundo, para pregar o evangelho por todo o mundo, a toda a criatura, fazendo discípulos de todas as nações, até aos confins da terra. Para cumprir essa grande comissão a igreja precisa de poder. Destacamos, à luz do texto em epígrafe, quatro verdades:
Em primeiro lugar, uma capacitação sobrenatural. “Mas recebereis poder…”. A igreja não realiza a grande comissão com seus próprios recursos. Não podemos pregar, testemunhar e fazer discípulos desprovidos de poder. Esse poder não é uma habilidade inata que possuímos. Não é resultado do conhecimento que acumulamos. Esse poder não é produto da nossa experiência nem mesmo vem como consequência de nossa maturidade cristã. Esse poder é sobrenatural e irresistível. A palavra grega usada aqui é dunamis, de onde vem a nossa palavra “dinamite”. A dinamite esmiúça as pedras mais duras e derruba as estruturas mais sólidas. Esse poder é capaz de transformar o pecador mais rebelde em um servo do Altíssimo. É capaz de transformar um Saulo de Tarso, o mais temido inimigo do Cristianismo, no mais poderoso apóstolo de Cristo.
Em segundo lugar, uma origem celestial. “… ao descer sobre vós o Espírito Santo…”. O poder que a igreja precisa não vem da terra, mas do céu. Não vem dos homens, mas do Espírito Santo de Deus. Não podemos fazer a obra de Deus sem o poder do Espírito Santo. É o Espírito Santo quem nos convence de pecado. É o Espírito Santo quem nos regenera. É o Espírito Santo quem nos batiza no corpo de Cristo. É o Espírito Santo quem nos sela para o dia da redenção. É o Espírito quem nos transforma à imagem de Cristo e nos santifica. É o Espírito Santo quem nos dá poder para testemunhar. Não podemos fazer a obra de Deus fiados em nosso conhecimento ou em nossos métodos. Precisamos de poder, do poder do Espírito Santo. Fazer a obra de Deus confiados em nós mesmos é o mesmo que tentar cortar uma árvore com o cabo do machado.
Em terceiro lugar, uma missão essencial. “… e sereis minhas testemunhas…”. A igreja recebe poder para testemunhar. Nossa pregação não pode consistir apenas em palavras de sabedoria humana. Precisamos de uma capacitação sobrenatural. Não recebemos poder para ficar trancados dentro de quatro paredes. Não recebemos poder para nos consumirmos em intérminas e inócuas discussões. Não recebemos poder para promovermos a nós mesmos. Recebemos poder para testemunhar. Uma igreja revestida com o poder do Espírito Santo tem coração aquecido, pés velozes e lábios abertos para testemunhar de Cristo. Uma igreja fortalecida com esse poder sai do campo da especulação teológica para o campo da ação missionária. Uma igreja cheia do Espírito, exerce perdão, derruba as paredes da inimizade e constrói pontes de reconciliação. Judeus e samaritanos são transformados e reconciliados. Samaria e Judeia, outrora inimigas, dão as mãos para caminhar juntas.
Em quarto lugar, uma abrangência universal. “… tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia, Samaria e até aos confins da terra”. Uma igreja cheia do Espírito Santo começa em sua Jerusalém, alcança sua região, atravessa suas fronteiras étnicas e alarga suas fronteiras até aos confins da terra. Sem o poder do Espírito Santo vamos olhar apenas para nós mesmos. Vamos investir apenas em nós. Sem o poder do Espírito Santo vamos transformar koinonia (comunhão) em koinonite (adoecimento das relações). Sem o poder do Espírito Santo vamos nos bastar a nós mesmos, apascentar a nós mesmos e sonegar a mensagem salvadora do evangelho aos povos. Nossa tarefa é imperativa, intransferível e impostergável. É tempo de alcançarmos, com o evangelho da graça, nossa cidade, nosso Estado, nosso país e as nações da terra!
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