Drogas: conheça 5 sinais de que você pode estar sofrendo de dependência química

No mundo das drogas, a dependência química e as suas sequelas evoluem conforme o tipo de substância utilizada.

Fonte: Guiame, Marisa LoboAtualizado: sexta-feira, 10 de junho de 2022 às 15:44
(Foto: Pixabay)
(Foto: Pixabay)

Ao longo desta semana, escrevi artigos para tratar do caso do ator Sérgio Hondjakoff, que ficou famoso no país por interpretar o papel de "Cabeção" na novela Malhação, da TV Globo. Ele gravou um vídeo onde aparece ameaçando matar o próprio pai com um bastão de ferro, por estar sob efeito de drogas, e isto acabou repercutindo em várias mídias.

Situações chocantes como essa, porém, não começam de forma instantânea. No mundo das drogas, a dependência química e as suas sequelas evoluem conforme o tipo de substância utilizada, mas geralmente tudo começa pelas "portas de entrada", sendo o álcool e a maconha as mais comuns.

Com isso, resolvi fazer um artigo, hoje, destacando 5 sinais que indicam quando uma pessoa está se tornando, ou já se tornou, uma dependente química. Os pontos destacados se aplicam a qualquer tipo de entorpecente, mas quero que o leitor tenha em mente o mais comum e usual: o álcool!

1. Aumento de consumo

O primeiro sinal é o aumento na quantidade de substância consumida. Na prática, é a pessoa que, se antes tomava duas garrafas de cerveja em um final de semana, agora toma quatro, depois seis e assim por diante.

Esse aumento ocorre à medida que o usuário deseja obter o mesmo efeito entorpecente (intoxicação) de antes, mas não consegue com a mesma quantidade da substância, porque o seu organismo desenvolve tolerância à droga. 

Assim, o padrão de consumo segue uma escala crescente, e junto a isso também acompanha a incapacidade de saber a hora de parar de consumir. Ou seja, a pessoa tem dificuldade de se contentar com uma quantidade “X” da substância, querendo sempre mais, até “apagar”.

2. Aumento na frequência do consumo

A frequência diz respeito ao número de vezes em que o usuário consome a droga. Na prática, isto também é um aumento de consumo, mas a diferença em relação ao primeiro tópico está na quantidade de vezes em que esse consumo é realizado.

Ou seja, é quando um indivíduo que bebia apenas no sábado, por exemplo, passa a beber também na segunda, terça etc. Com isso, temos não apenas um aumento de consumo da droga, como também uma mudança na frequência desse consumo, que agora não possui mais um padrão.

3. Exposição a riscos

Consumindo a droga (bebida alcoólica ou qualquer outro entorpecente) de forma cada vez mais frequente e em proporções maiores, este indivíduo começa a desenvolver um comportamento compulsivo pelo uso da substância. Como resultado, ele se expõe mais facilmente aos riscos.

É isso o que faz, por exemplo, uma pessoa bêbada achar que pode dirigir, ou querer ir numa boca de fumo para comprar o "teco". Há casos onde os pais, usuários, deixam crianças pequenas sozinhas em casa ou em outros locais, tudo porque não conseguem deixar de consumir a droga enquanto cuidam dos filhos.

É nessa condição, também, que atos de violência são praticados e doenças sexuais são adquiridas. Isso, porque o usuário está sob o efeito do entorpecente ou, quando não está, deseja tanto a droga que não pensa nas consequências das suas ações para levá-lo a consumir.

4. Afetação social

Quando o usuário atinge os três sinais anteriores, significa que a sua mente está sendo "reconfigurada" entorno da droga. É aqui onde a química, de fato, se torna literal, dando sentido às famosas crises de abstinência.

Tudo o que a pessoa faz, pensa e busca, passa a ter como objetivo final o consumo da substância, porque o seu desejo é estar sob o efeito do entorpecente 24h por dia, se possível.

Como resultado, os relacionamentos sociais passam a ser comprometidos. O usuário deixa de frequentar lugares onde não pode beber, por exemplo, e de estar com pessoas com quem não se sente confortável, livre para consumir a sua droga. 

Casamento, relação com filhos, pais e empregos são os primeiros afetados. O usuário não sabe mais discernir prioridades e busca dar um jeito de consumir a sua droga em qualquer lugar e horário. Para isso, ele inventa desculpas para sair de casa, por exemplo, ou dar um intervalo no trabalho, etc.

É por isso que cedo ou tarde, em muitos casos, o dependente químico termina perdendo relacionamentos, empregos e vai parar nas ruas, onde poderá acabar morto, preso ou vivendo entre os ratos, pois ele chega em um ponto onde a droga, e não mais a sua razão, é quem controla a sua vida.

5. Negação

Por fim, o último sinal é o da negação. Na prática, é quando a pessoa, mesmo em estado de clara dependência química, não admite que precisa de ajuda. O indivíduo apresenta mil argumentos para tentar justificar a sua condição, tudo para não reconhecer que é um dependente.

A negação é como um mecanismo de defesa utilizado pela mente que, uma vez em estado de dependência, não quer ser confrontada com a realidade, pois isso lhe traz a consciência de culpa e necessidade de mudança.

Como o desejo implícito do viciado é querer se manter no vício e não ser confrontado sobre essa escolha, então ele nega que é um dependente, consequentemente a ajuda necessária.

Conclusão

A minha intenção nesse artigo foi trazer de forma pontual, e simples, alguns sinais que indicam o estado de dependência química. Evidentemente, se trata de um apanhado superficial, mas que serve como norte para quem deseja entender melhor essa questão.

Se você se identificou com os sinais e acredita que pode estar passando por esse problema, peça ajuda o quanto antes. A dependência das drogas tem solução e pode ser superada, mas é preciso admitir a sua necessidade de tratamento. Que tal fazer isso agora?

Marisa Lobo é psicóloga, especialista em Direitos Humanos, presidente do movimento Pró-Mulher e autora dos livros "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias em Perigo".

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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