O SUS e os puxadinhos do PT

O Conselho Nacional de Saúde, do governo federal, pela Resolução n. 715, de 2023, criou verdadeiros “puxadinhos espirituais do SUS”.

Fonte: Guiame, Sergio Renato de MelloAtualizado: quarta-feira, 9 de agosto de 2023 às 17:50
(Foto: unsplash/Douglas Ribeiro)
(Foto: unsplash/Douglas Ribeiro)

Antes de tudo, advirto que aqui não falo em nome da Defensoria Pública de Santa Catarina e nem como defensor público. Falo por mim mesmo, fora do desempenho do cargo porque, acima de tudo, sou cristão e está é a única condição que vale a pena ser defendida. Se falasse aqui na condição de defensor estaria obrigado a aceitar que o Estado interferisse na espiritualidade das pessoas, mesmo discriminando religiões e violando a sua laicidade, como vem ocorrendo numa militância materialista e anticristã de autoridades brasileiras, que confundem fanatismo ideológico e laicismo com laicidade. Logo, falo na condição de cidadão cristão com direito de se expressar sem ódio ou violência, nos limites constitucionais. Se mesmo assim acharem que é ódio ou violência, o que só tenho a fazer é lamentar e orar por essas coitadas almas que se ofendem com um mero Pai-Nosso, com uma cruz, enfim, com aquilo que não corresponde à sua cartilha ideológico-espiritual. Estes específicos ofendidos, estes sim, também precisam de cura.

O Conselho Nacional de Saúde, do governo federal, pela Resolução n. 715, de 2023, criou verdadeiros “puxadinhos espirituais do SUS”. A resolução trata de equiparar casas espirituais de religiões de matriz africana a verdadeiras extensões do SUS - Serviço Único de Saúde, serviço público estatal. Quem está passando por problemas de alma pode procurar, em tese sem custo algum, o caboclo, o orixá, o pai-de-santo mais próximo de casa, que ele sarará o seu problema de alma (aquela vizinha fuxiqueira, a falta de dinheiro, seu amor de volta, etc.). Além disso, a resolução também propõe aos que não se identificam com o próprio sexo dar aquele “up” à própria masculinidade ou feminilidade com hormônios, além de querer legalizar o aborto e maconha. Claro, tudo com o aval de um Estado que se diz religiosamente isento.

Claro que a propaganda é a alma do negócio. Aliás, a alma não tem só relação com a propaganda. Ela é também o preço a ser pago, e ele é caro demais! A resolução transforma tais casas espirituais em verdadeiros “equipamentos promotores de saúde e cura complementares do SUS, no processo de promoção da saúde e 1ª porta de entrada para os que mais precisavam e de espaço de cura para o desequilíbrio mental, psíquico, social, alimentar […]”. E tem mais propaganda. Se o ministro Barroso, do STF, quase foi arrebatado ao ter dito que conseguiu “derrotar o “bolsonarismo”, a resolução n. 715 vai no mesmo viés fatalista, sendo contra “a lógica ultraneoliberal derrotada nas eleições”.

O Estado não deve invadir a esfera de espiritualidade das pessoas, que é privada, ditando que tipo de religião adotar, o seu modo de ser e de sua prática. Mesmo que a Resolução diga estar tratando da saúde mental de pessoas necessitadas, de saúde não se trata, e sim de tratamento espiritual e para a alma, que não se confunde com o aspecto corporal da pessoa. Há, então, violação ao princípio da laicidade do Estado. O que é de César é de César, e o que é de Deus é de Deus, disse Jesus, aqui parafraseado.

As políticas de esquerda não negam que são por si mesmas ineficazes e, em assuntos espirituais, diabólicas. Por essas e por outras políticas materialistas, pós-modernas, estruturalistas, deveríamos sentir vergonha se nos compararem aos gregos antigos, cujo objetivo de vida era conhecer desinteressadamente. O discurso de que o que é antigo deve ser abandonado é uma falácia das mais nocivas e enganosas que militam contra o ser (Deus e sua criação) e que comprova, uma vez mais, que o mundo é mesmo do maligno. Não existe evolução. Os gregos sentiam a necessidade de conhecer tudo que podiam, inclusive o próprio homem. Sócrates refletia sobre a necessidade de o homem se conhecer. “Conhece-te a ti mesmo”, recomendavam os gregos. Os pós-modernos, achando-se infinitos, querem conhecer tudo menos eles próprios.

A confusão é desumana. O ser humano é corpo, alma e espírito, então o que é relativo à alma deve ser tratado como alma, o que é relativo ao espírito e ao corpo deve ser remediado como tal. Espiritualmente falando é mais uma tentativa de desfigurar a criatura divina mais importante, como já vem acontecendo com pessoas que não se identificam com o seu sexo biológico e precisam, então, de designações nominais para existirem, como LGBTQIA+. Um exagero de uma razão tirânica, em prejuízo do próprio ser humano.

É altamente prejudicial para a própria saúde mental dos usuários desses serviços. “Doentes” espirituais precisam de remédio para a alma, não para o corpo. Confundidos pelo próprio Estado, os usuários destes serviços ficarão ainda mais longe do diagnóstico preciso sobre seus próprios males e de um remédio que realmente elimine ou diminua os problemas da alma.

A discriminação é patente. E se fosse, por exemplo, o governo Bolsonaro que quisesse implementar “políticas cristãs de saúde” nesses lugares? Uma discriminação praticada justamente pelos tais evangelistas da diversidade que, paradoxalmente, excluem pessoas e classes de suas políticas. Dividir é poder, bandeira destes militantes esquerdistas.

Sergio Renato de Mello é defensor público de Santa Catarina, colunista do Jornal da Cidade Online e Instituto Burke Conservador, autor de obras jurídicas, cristão membro da Igreja Universal do Reino de Deus.

* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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