Saúde para o corpo, a mente e o espírito

Saúde para o corpo, a mente e o espírito

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:27

Marcelo Dutra

É possível alcançar a boa forma em todas as dimensões da vida

Quem não gosta da idéia de ter um corpo bem treinado, saudável e disposto para encarar as provas e os obstáculos do dia-a-dia e vencê-los, como os atletas campeões fazem nas pistas de atletismo ou nos campos de futebol? Melhor ainda é ter um corpo assim, bem cuidado, comandado por uma boa cabeça, capaz de assimilar as complexidades da alma humana, e um espírito igualmente sarado, exercitado com regularidade na Palavra de Deus e na oração.

No entanto, para encontrar o equilíbrio perfeito entre as dimensões emocional, física e espiritual que formam o ser humano, é preciso muito suor, tanto no sentido literal como no figurado. Cuidar do espírito é importante, mas um bom cristão não negligencia seu corpo e sua mente. Apesar de todas as dificuldades da vida moderna, cada vez mais pessoas arranjam tempo para uma boa educação alimentar, exercícios físicos e intelectuais e terapias. E o clima de grandes competições esportivas, como a Copa do Mundo, estimula ainda mais esta atitude.

Não se pode negar que a maioria das pessoas sofre grande influência dos meios de comunicação. Hoje em dia, a mídia dita moda, estabelece gostos, determina regras comportamentais e define padrões estéticos. Os gordinhos que o digam. Desde a década de 80, com a explosão das academias de ginástica, a prioridade passou a ser preparo físico, dentro do conceito "saúde é o que interessa, o resto não tem pressa". Mas o cristão deve ter em mente que, segundo a Bíblia, o corpo humano é um invólucro, cuja função é abrigar um espírito criado por Deus — além de ser o templo do próprio Espírito Santo. A preocupação com a saúde física só faz sentido se conjugada com os cuidados espirituais.

Fisiculturista de peso, o praticante de vale-tudo, Vitor Belfort, de 25 anos, busca esta harmonia. "A leitura da Bíblia e a oração me mantêm em condições de treinar, pois eu procuro desenvolver meu corpo com os treinamentos, e o conhecimento de Deus, através da oração", afirma. De acordo com o atleta, que  freqüenta uma igreja no Rio de Janeiro, o correto é manter o espírito centrado em Deus e o corpo ligado na diversidade dos tipos de exercício. "A musculação é ótima como exercício cardiovascular e para favorecer movimentos de explosão, mas não é interessante para evitar o estresse", explica Belfort, atual campeão mundial de vale-tudo. Ele lembra que, no seu caso, o preparo físico é alvo de uma dedicação maior do que a natural, uma vez que ele vive da capacidade do corpo. "Mas faço questão de incentivar as pessoas para que busquem uma boa alimentação e a prática regular de esportes. Eu não saberia viver bem sem isto."

Outros cristãos famosos fazem questão de manter a atenção voltada para a saúde nessas duas frentes. Alguns como os padres Zeca, no Rio de Janeiro e Marcelo, em São Paulo, ostentam finas estampas, próprias de quem valoriza o preparo físico sem negligenciar a fé.

Zeca, por exemplo, é um surfista dos mais aplicados. Já o padre Marcelo é ex-fisiculturista aeróbico. Alguns dos movimentos aprendidos na academia são reproduzidos no palco, durante as missas em que reúne milhares de fiéis.

Terapia

Há casos, entretanto, em que o desequilíbrio está em outra esfera, a emocional. Quando isto acontece, ambos — corpo e espírito — tendem a padecer. Com Enzo Perondini foi assim. Disposto a ter um físico igual ao do ator e ex-Mister Universo Arnold Schwarzenegger, começou a treinar musculação aos 16 anos de idade. Era, na época, um sujeito magro, com 72 quilos distribuídos por 1,89 metro de altura, que não aceitava sua própria aparência. Hoje, com 38 anos, ele exibe braços com inacreditáveis 55 centímetros de circunferência. Graças a esta força, espalhada pelo corpanzil de 120 quilos, transformou-se numa das principais estrelas dos campeonatos de fisiculturismo do país.

Depois de conquistar vários títulos paulistas, brasileiros e sul-americanos, pouco antes do campeonato mundial, em 1999, ele ficou assustado quando percebeu um inchaço no estômago. Uma ultra-sonografia revelou a gravidade do problema: Perondini estava com tumores cancerígenos causados pelo excesso de esteróides anabolizantes, também conhecidos como bombas. Ficou arrasado.

"Sabia dos riscos, mas a vaidade e o ambiente das academias me incentivaram a seguir em frente", justifica o atleta, hoje um cristão convicto. Ele agora dá palestras, nas quais alerta contra o perigo das drogas.

Boa parte dos cristãos já aprendeu que, assim como o médico pode ser um instrumento divino para a cura do corpo, a ajuda de um terapeuta, muitas vezes, é providencial para recuperar a saúde psicológica. Muita gente ainda tem dificuldade para fazer a distinção entre o espírito e a psique, mas o preconceito em relação as terapias é cada vez menor.

A cristã Renata Gomes, de 30 anos, é um exemplo. A fé nunca falhou, mas havia questões de outra ordem para ser tratadas.

"Chegou num ponto em que eu me sentia mal demais. O psicólogo foi me ajudando a perceber quais tijolos ou obstáculos impediam minha vida de seguir um fluxo mais tranqüilo, e eu ia mexendo naquilo. A oração é importante, com certeza, mas a vivência terapêutica acelerou o processo de cura", conta. Renata recorreu à terapia em duas ocasiões, e isto só fez melhorar sua relação com Deus e consigo. "A terapia ajudou-me a resolver algumas sérias dificuldades até no meu casamento."

 De acordo com a fonoaudióloga Isa Maria Tavares Moreira, 38 anos, há casos em que problemas emocionais causam tanta tensão localizada que o indivíduo chega a ter dificuldades até de falar e se movimentar. "Muitos casos de gagueira, por exemplo, são causados por sérios problemas de desequilíbrio emocional. Tem gente que sofre com problemas de rigidez facial. Como fonoaudióloga, eu trato os efeitos, mas é comum ter que encaminhar pessoas para um psicólogo, com quem devem tratar as causas", explica.

Comunhão

Investir numa vida de comunhão com Deus e com o próximo pode ser um santo remédio para evitar muitos males. Ceza Duarte, 32 anos, serviu no Corpo de Fuzileiros Navais durante cinco anos, e hoje divide o tempo entre as aulas de teologia e o serviço na Guarda Municipal do Rio de Janeiro. "Acho que uma pessoa que conhece a Cristo preserva o corpo, cuida da alma, mas nunca deixa de investir no próximo", opina. Mesmo trabalhando e estudando a semana inteira, Ceza acorda às 6h30 no sábado para fazer estudos bíblicos e jogar bola num sítio, na companhia de amigos. "Lá eu choro e me alegro. Compartilhamos as lutas da semana. É minha família. Nos importamos uns com os outros. Digo, sem a menor hipocrisia, que é o momento mais esperado da minha semana." O professor Marcio Barros, 34 anos, teve que cancelar a prática esportiva, não por causa de problemas físicos ou emocionais. "Estou estudando quase 24 horas por dia", diz ele, envolvido num investimento intelectual que vai lhe custar dez meses de estudo intenso. Marcio está no meio de um curso de mestrado na área de administração de empresas de educação, e não vê a hora de poder voltar às partidas de futebol nos fins de semana. "É meu esporte predileto. A disputa me faz bem demais, mas, como a própria Bíblia diz, há tempo para todas as coisas. O cérebro saudável é uma bênção, um milagre divino, e agora é tempo de alimentá-lo.", diz.

Do outro lado do planeta, na Coréia do Sul, onde acompanha os atletas brasileiros que disputam a Copa do Mundo, Alex Dias Ribeiro, diretor da organização Atletas de Cristo, diz que sempre fez questão de manter a forma, mesmo depois de abandonar a carreira como piloto. Ainda faz exercícios físicos que incluem corrida e ginástica seis vezes por semana, além de manter uma dieta alimentar balanceada. "Posso dizer que jogo duro com este chassi velho", brinca, ao se referir ao próprio corpo.

Como todo bom atleta, ele diz que a disciplina, tão importante para a alma é igualmente fundamental para o corpo, uma vez que a tendência é a da acomodação. E ensina: "Assim também é com a vida espiritual: você tem que ser determinado, senão sai da linha." Alex Dias Ribeiro também revela que, de seis em seis meses, consulta um personal trainer e um nutricionista para reavaliar seu preparo. "Para cuidar bem da vida espiritual, precisamos ter o mesmo costume, ou seja, procurar sempre os especialistas, gente que tenha mais experiência do que nós, para nos mantermos no centro de nossa carreira com Cristo. Quando esta prática é esquecida, o sujeito corre o risco de atrofiar a alma", finaliza.

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