Um homem armado com uma faca e uma barra de metal foi morto pela polícia francesa, após iniciar um incêndio que destruiu a parte interna de uma sinagoga na cidade de Rouen, na Normandia, na madrugada de sexta-feira (17). Para o governo francês, este é um ataque “claramente” antissemita.
O Ministro do Interior, Gerald Darmanin, disse que o homem era um cidadão da Argélia, um país africano predominantemente islâmico. Ele havia solicitado permissão para permanecer na França para tratamento médico e, após a recusa, foi colocado em uma lista de procurados pela polícia para ser deportado.
Darmanin descreveu o ataque à sinagoga como “um ato claramente antissemita” e elogiou o policial de 25 anos que matou o autor do incêndio.
Na madrugada de sexta-feira, os bombeiros foram alertados sobre um incêndio na sinagoga. Uma equipe de policiais foi enviada ao local e viu o homem no telhado do prédio, que reagiu e correu em direção a um dos agentes com a faca levantada, relatou o promotor de Rouen, Frédéric Teillet. O policial disparou cinco tiros, atingindo o homem quatro vezes.
Onda de ódio contra os judeus
O sentimento antissemita aumentou na França — que tem a maior população judaica e muçulmana da Europa — devido à guerra entre Israel e Hamas.
“Quando a comunidade judaica é atacada, é um ataque à comunidade nacional, um ataque à França, um ataque a todos os cidadãos franceses”, disse o prefeito de Rouen, Nicolas Mayer-Rossignol. “É um susto para toda a nação.”
Segundo a Associated Press, as paredes e o teto foram totalmente carbonizados. Acredita-se que o homem tenha subido em um contêiner de lixo e jogado “uma espécie de coquetel molotov” dentro da sinagoga, iniciando um incêndio e causando danos.
“Clima de terror”
Yonathan Arfi, chefe do principal grupo judaico na França, disse que os judeus enfrentam “clima de terror” no país.
Esta semana, um memorial em Paris que homenageia pessoas que se destacaram ao ajudar a resgatar judeus na França durante a Segunda Guerra Mundial também foi atacado, sendo desfigurado com mãos pintadas de vermelho-sangue.
We are saddened and disgusted by the antisemitic vandalism that defaced the Shoah memorial in Paris with blood-red hands on the Wall of the Righteous.
— European Jewish Congress (@eurojewcong) 14 de maio de 2024
This is an outrageous disrespect to the memory of Holocaust victims and to the individuals who risked their lives to save Jews. pic.twitter.com/8SzaOxabuC
“É insuportável. Está ficando cada vez mais sério a cada dia. Depois dos grafites antissemitas que vimos nos últimos dias, slogans antissemitas, insultos antissemitas, agora temos tentativas de incendiar sinagogas”, disse Arfi, presidente do Conselho Representativo das Instituições Judaicas na França, à AP.
“Todos estão se perguntando se podem viver uma vida tranquila na França como judeu”, acrescentou. “Há um clima de medo porque parece que, em qualquer lugar do nosso país e a qualquer momento, pode ocorrer um ataque antissemita.”
As autoridades registraram 366 atos antissemitas nos primeiros três meses de 2024, um aumento de 300% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o primeiro-ministro da França, Gabriel Attal. Mais de 1.200 atos antissemitas foram relatados nos últimos três meses de 2023 — que foram três vezes mais do que em todo o ano de 2022, disse ele.
“Estamos testemunhando uma explosão de ódio”, alertou.