O Ministério das Relações Exteriores de Israel confirmou que os laços diplomáticos com o Brasil foram reduzidos a um “nível baixo”, após o governo brasileiro rejeitar a nomeação de Gali Dagan como novo embaixador israelense, levando Israel a retirar oficialmente sua indicação.
“Após o Brasil, de forma incomum, ter deixado de responder ao pedido de agrément do embaixador Dagan, Israel retirou a solicitação, e as relações entre os dois países passaram a ser conduzidas em um nível diplomático inferior", declarou o órgão diplomático israelense.
O Ministério também destacou que a a “linha crítica e hostil que o Brasil tem demonstrado em relação a Israel” se agravou desde o início da guerra provocada pelo ataque terrorista do Hamas em 2023, sendo ainda mais “intensificada” pelas declarações feitas ao longo do conflito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ministro da Defesa, Israel Katz, usou a plataforma X (antigo Twitter) para criticar publicamente a postura do presidente brasileiro.
“Como Ministro da Defesa de Israel, afirmo: saberemos nos defender contra o eixo do mal do islamismo radical, mesmo sem a ajuda de Lula e seus aliados.”
Quando o presidente do Brasil, Lula @LulaOficial, desrespeitou a memória do Holocausto durante meu mandato como Ministro das Relações Exteriores, declarei-o persona non grata em Israel até que pedisse desculpas.
— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) August 26, 2025
Agora ele revelou sua verdadeira face como antissemita declarado e… pic.twitter.com/O0rzmTYqPA
“Vergonha para o maravilhoso povo brasileiro e para os muitos amigos de Israel no Brasil que este seja o seu presidente. Dias melhores ainda virão para a relação entre nossos países.”
Declínio da relação Brasil-Israel
Lula foi declarado “persona non grata” por Israel após acusar o país de cometer genocídio em Gaza, utilizando referências ao Holocausto para sustentar sua afirmação.
Na época, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu criticou os comentários de Lula como "vergonhosos... Isso é uma forma de banalizar o Holocausto e tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel de se defender".
O Brasil também se uniu à África do Sul no processo movido contra Israel na Corte Internacional de Justiça, em Haia, reforçando as acusações de genocídio feitas pelo presidente Lula.
Em julho, o Brasil anunciou sua saída da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto, organização da qual era membro observador desde 2021.
Como membro do BRICS, o Brasil mantém relações diplomáticas com o Irã, apesar dos ataques promovidos pelo regime iraniano contra o Estado de Israel, incluindo ações contra civis, e de seu extenso histórico de violações dos direitos humanos.
Desde que retirou seu último embaixador no ano passado, o Brasil permanece sem representação diplomática em Israel.
Em contrapartida, o Parlamento brasileiro aprofundou, em dezembro de 2024, seus laços legislativos com Israel, em uma reação direta à política externa do presidente do Brasil.