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Governo retira Brasil de aliança em memória do Holocausto e agrava crise com Israel

Governo Lula se afasta de aliança internacional contra o antissemitismo e reforça apoio a processo que acusa Israel de genocídio em Gaza.

Fonte: Guiame, com informações do Metrópoles e Poder360Atualizado: sexta-feira, 25 de julho de 2025 às 12:36
(Foto ilustrativa: Levi Meir Clancy/Unsplash)
(Foto ilustrativa: Levi Meir Clancy/Unsplash)

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retirou o Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA, na sigla em inglês), organização intergovernamental criada na década de 1990 para preservar a memória das vítimas do Holocausto e combater o antissemitismo. 

O Brasil atuava como membro observador desde 2021. A decisão foi anunciada nesta quinta-feira (24) pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel e confirmada pelos sites Poder360 e Metrópoles.

Apesar do impacto internacional da medida, o governo brasileiro não se pronunciou oficialmente sobre o caso até o momento. Segundo o Metrópoles, fontes ligadas à diplomacia israelense afirmaram que o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) já notificou a embaixada de Israel em Brasília sobre o processo de desligamento da entidade. Ainda segundo essas fontes, o governo brasileiro não informou os motivos da saída.

Em publicação na rede social X (antigo Twitter), o Ministério das Relações Exteriores de Israel classificou a medida como “imprudente e vergonhosa”. 

“Em uma época em que Israel luta por sua própria existência, voltar-se contra o Estado judeu e abandonar o consenso global contra o antissemitismo é imprudente e vergonhoso”, afirmou a chancelaria israelense.

O governo israelense também associou a saída da IHRA à adesão do Brasil à ação judicial movida pela África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia. A ação, protocolada em janeiro de 2024, acusa Israel de promover uma “conduta genocida” e de realizar “assassinato em massa de civis” na Faixa de Gaza. Para o Ministério das Relações Exteriores de Israel, “a decisão do Brasil de se juntar à ofensiva jurídica contra Israel na CIJ, ao mesmo tempo em que se retira da IHRA, é uma demonstração de uma profunda falha moral”.

O Brasil oficializou sua entrada no processo na quarta-feira (23), conforme antecipado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Em nota, o Itamaraty afirmou que a decisão está baseada na Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio, firmada pelos países-membros da ONU após a Segunda Guerra Mundial. 

Segundo o Itamaraty, a adesão à ação judicial reflete “o dever dos Estados de cumprir com suas obrigações de Direito Internacional e de Direito Internacional Humanitário, frente à plausibilidade de que os direitos dos palestinos de proteção contra atos de genocídio estejam sendo irreversivelmente prejudicados”, conforme indicou a própria CIJ ao estabelecer medidas cautelares no início de 2024.

A tensão diplomática entre Brasil e Israel não é recente e vem se intensificando desde que Lula reassumiu a Presidência da República. Israel tem acusado o governo brasileiro de adotar posturas alinhadas ao Hamas, enquanto o presidente brasileiro tem criticado fortemente a atuação militar israelense na Faixa de Gaza.

O ápice da crise aconteceu em fevereiro de 2024, quando Lula comparou publicamente as ações de Israel em Gaza ao Holocausto sofrido pelos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. A declaração gerou forte repercussão internacional e foi duramente rechaçada pelo governo israelense, que declarou o presidente brasileiro persona non grata no país. Em retaliação, Lula ordenou a retirada do embaixador brasileiro em Tel Aviv, reduzindo o nível de representação diplomática.

Outro ponto de atrito envolve a nomeação do novo embaixador de Israel para o Brasil. Há o temor, por parte do governo israelense, de que o país fique sem representação diplomática plena, já que o governo brasileiro ainda não aprovou o nome de Gali Dagan, indicado por Israel para chefiar a missão diplomática em Brasília.

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