As águas de um riacho na Cisjordânia, na parte controlada pela Autoridade Palestina, ficaram vermelho “cor de sangue” na semana passada, em um incidente que muitos em Israel estão comparando à praga bíblica do Egito.
O riacho Yad Hanna, que leva ao rio Alexander em Israel, foi tomado por sangue, penas e outras partes de frango causadas por “um ou mais abatedouros palestinos na cidade de Tulkarem, no norte da Cisjordânia”, de acordo com o jornal Times of Israel.
As autoridades locais, no entanto, acrescentam que o abatedouro de aves do outro lado da fronteira pode não ser o único culpado.
A Sociedade para a Proteção da Natureza em Israel, uma organização que atua pela preservação do meio ambiente, publicou um vídeo da água ensanguentada, pedindo ao ministro de Proteção Ambiental, Ze'ev Elkin, que abra uma investigação.
Acontecimentos como este “destacam as dificuldades de manter o controle da poluição além das fronteiras”, escreve o Times.
A demanda por frangos cresce anualmente em abril, durante a celebração do Ramadã e da Páscoa. Os abatedouros em Tulkarem são os principais fornecedores na região.
Alon Heyman, diretor geral da Corporação de Desenvolvimento Econômico Emek Hefer, que opera uma estação de tratamento de águas residuais no Yad Hanna, diz que as comportas fazem parte do problema.
As portas que sustém a água do riacho, destinadas a capturar os frangos e outros detritos após a passagem da fronteira com a Palestina, podem ficar entupidas. Se não for gerenciada adequadamente, a água poluída simplesmente flui sobre os resíduos de pecuária e outros tipos de lixo.
“Temos um sensor para nos dizer se a água subiu pelos portões, mas a essa altura já é tarde demais”, disse Heyman ao Times. “Tentamos remover o que pudermos o mais rápido possível”.
Peixes no rio Alexander, no centro de Israel, mortos por toxinas industriais. (Foto: Dr. Ran Farhi)
Especialistas dizem, no entanto, que as recentes chuvas fortes sobrecarregaram a infra-estrutura envelhecida de seus sistemas de purificação de água.
“Somente quando gritamos é que alguém faz alguma coisa”, diz o Dr. Ran Farhi, coordenador profissional da Autoridade de Drenagem e Rios de Sharon. “Ninguém está coordenando as coisas do nosso lado”.
Ele acrescenta que este é um problema “24 horas por dia, sete dias por semana”, mas é só durante as celebrações em Israel que isso chama atenção.
“Quando o fluxo é suave, as centrífugas de Yad Hanna podem lidar com isso, mas quando é mais forte, quando há chuvas torrenciais e inundações, passa por cima da barragem e entra no rio”, explica Farhi.
“Isso é antes de mencionar outros resíduos — de cadáveres de animais a peças de carros — que terminam em vales do lado palestino e eventualmente caem nas correntes”, ele acrescenta.