Darci Lourenção

Darci Lourenção

Pastora e psicóloga, coach, especialista em Educação, autora dos livros Na intimidade há cura, Viva sem compulsão e A equação do amor. Foi gestora do Núcleo Assistencial Heliópolis, onde implantou diversos programas educativos.

Fé é um caminho interno

A fé não depende das circunstâncias externas, mas daquilo que acontece dentro de nós.

Fonte: Guiame, Darci LourençãoAtualizado: sexta-feira, 12 de dezembro de 2025 às 12:38
(Foto: Pexels)
(Foto: Pexels)

O que é a fé? Você já parou para refletir sobre isso? Para alguns, fé é a convicção de que, mesmo quando tudo parece impossível, existe uma chance de superar. Para outros, é sentir-se amparado, protegido por algo maior. Há também quem acredite que, por meio da fé, conseguirá alcançar aquilo que deseja.

Quando buscamos respostas na Bíblia, encontramos uma definição marcante: “A fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos” (Hebreus 11:1). Essa frase revela algo profundo: fé não é apenas acreditar, é ter certeza do invisível, é caminhar com confiança mesmo sem enxergar o destino.

Por isso, podemos dizer que a fé é um caminho interno. Não depende das circunstâncias externas, mas daquilo que acontece dentro de nós. É uma força silenciosa que orienta nossas escolhas, sustenta nossas esperanças e nos impulsiona a seguir adiante, mesmo quando tudo parece contrário.

Faz sentido isso para você? Antes de ser um sistema de crenças, a fé é um movimento interno da alma. É o olhar que voltamos para dentro quando as respostas externas já não sustentam nossos passos na realidade natural. É estar preparado e disposto para o sobrenatural.

Você já ouviu a frase: “Milagre não se explica, se vive”? Eu já ouvi e já vivi (risos).

Penso que a fé segue o mesmo princípio. Ela não se limita a conceitos ou definições; é experiência, é vivência.

Fé é atravessar o desconhecido com confiança, mesmo quando tudo ao redor parece dizer que não há saída. É acreditar que existe um propósito maior, mesmo quando não conseguimos enxergar o caminho.

Quando cultivamos a fé, abrimos espaço para o extraordinário acontecer. Não porque controlamos as circunstâncias, mas porque escolhemos confiar. E essa confiança, que vem do Pai, transforma nossa percepção, fortalece nossa esperança e nos dá coragem para seguir adiante.

Psicologicamente, podemos dizer que a fé nasce no mesmo lugar onde nascem nossos medos, desejos e esperanças: no território íntimo da subjetividade.

Como pastora, sei que ela é o sopro do Espírito Santo que orienta, fortalece e dá sentido ao que vivemos.

Quando alguém decide acreditar, não está apenas aderindo a uma verdade; está abrindo um espaço interior para ser conduzido, transformado e ressignificado.

Mas precisamos entender que a fé não anula a realidade; ela a ilumina. Não substitui o tratamento, o enfrentamento ou a responsabilidade; pelo contrário, os aprofunda.

A fé verdadeira nos faz encarar aspectos de nós mesmos que costumamos evitar: fragilidades, perdas, culpas e até nossos desejos mais contraditórios. Ela nos devolve ao campo da maturidade, onde compreendemos que crescer dói, mas estagnar adoece.

Uma fé madura não infantiliza; ela fortalece. Não promete que tudo será fácil; promete que você não caminhará sozinho.

A fé, seja qual for o momento ou circunstância, é uma resposta ao chamado de Deus para confiar, mesmo quando não entendemos completamente.

E o mais interessante é que essa confiança não é irracional; ela é experiencial. Surge quando reconhecemos, na própria história, pequenos rastros de cuidado, preservação e amor. Surge também quando permitimos que a graça toque áreas que nossa força de vontade nunca conseguiu mudar. Muitas vezes, a fé é simplesmente o ato silencioso de permanecer de pé.

No consultório e na igreja, percebo que a fé se torna mais forte quando deixa de ser performance e passa a ser encontro. Encontro consigo, encontro com o sagrado, encontro com a verdade que liberta.

Pessoas que antes viviam fragmentadas começam a perceber esse caminho interno. Descobrem que podem confiar em Deus e, pouco a pouco, confiar em si mesmas.

A fé é caminho; e caminho se faz caminhando. Ela se desenvolve na prática da vida: nas decisões diárias, na forma como tratamos os outros, na coragem de pedir ajuda, na honestidade de reconhecer limites.

Como psicóloga e pastora, acredito que a fé não nos afasta de nós mesmos; ela nos devolve a nós: mais conscientes, mais inteiros e mais capazes de superar nossos desafios. Porque o maior milagre não é mudar o mundo externo, mas transformar o mundo que carregamos por dentro.

O Pai ama você!

 

Darci Lourenção (@pra_darci_lourencao) é psicóloga, pastora, coach, escritora e conferencista. Foi Deã e Professora de Aconselhamento Cristão. Autora dos livros “Na intimidade há cura”, “A equação do amor”, “Viva sem compulsão” e “Devocional Minha Família no Altar”.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: O pecado rouba a fé

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