350 cristãos são assassinados nos dois primeiros meses de 2020, na Nigéria

A Nigéria foi marcada pela violência na última década, devido ao surgimento de grupos terroristas e extremistas no nordeste do país.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: quarta-feira, 11 de março de 2020 às 13:52
Cristãos realizam velório coletivo na Nigéria, após massacre. (Foto: Intersociety)
Cristãos realizam velório coletivo na Nigéria, após massacre. (Foto: Intersociety)

Uma organização da sociedade civil nigeriana afirmou que 350 cristãos foram mortos em todo o país da África Ocidental desde o início de 2020 e estima que cerca de 11.500 cristãos foram mortos desde 2015.

“A Nigéria se tornou um campo de extermínio de cristãos indefesos”, disse a organização não-governamental Sociedade Internacional para Liberdades Civis e Estado de Direito (Intersociety), sediada em Anambra, nesta semana em um novo relatório especial, intitulado “Nigéria: um campo mortal de cristãos indefesos”.

“As estatísticas disponíveis mostraram que entre 11.500 e 12.000 mortes de cristãos foram registradas nos últimos 57 meses ou desde junho de 2015, quando o atual governo central da Nigéria entrou a bordo. Desse número, os pastores [criadores de gado] jihadistas Fulani foram responsáveis ​​por 7.400 mortes de cristãos, Boko Haram 4.000 e os 'Bandidos da Rodovia' por 150 a 200 mortes".

A organização, chefiada pelo criminologista cristão Emeka Umeagbalasi, monitora a violência contra cristãos na Nigéria desde 2010, por meio de uma equipe de criminologistas, advogados, jornalistas, especialistas em segurança e graduados em estudos de paz e conflitos.

Contexto

A Nigéria foi marcada pela violência na última década, devido ao surgimento de grupos terroristas e extremistas no nordeste, como o Boko Haram e seu grupo dissidente, a província da África Ocidental do Estado Islâmico.

Nos últimos anos, massacres realizados por pastores radicalizados Fulani contra aldeias agrícolas predominantemente cristãs no cinturão médio da Nigéria também expulsaram as comunidades de suas casas.

Além disso, as gangues de bandidos foram responsáveis ​​pela execução de sequestros nas principais rodovias.

As Nações Unidas estimam que cerca de 2 milhões de pessoas foram deslocadas internamente na Nigéria e 11 milhões de pessoas precisam de assistência. Dizem que outros 550.000 estão deslocados nos países vizinhos de Camarões, Chade e Níger.

"Enquanto 100% das vítimas de ataques dos pastores jihadistas na Nigéria são cristãos, os cerca de 4.000 cristãos mortos pelo Boko Haram fizeram parte das 6.000 pessoas massacradas pela seita desde junho de 2015", explica o relatório.

“Geralmente, muitas, senão a maioria das vítimas dos ataques do Boko Haram no nordeste da Nigéria são cristãos. Por parte dos 'Bandidos das rodovias' no norte da Nigéria, a maioria de suas vítimas rurais é muçulmana, enquanto muitas, se não a maioria, de suas vítimas na estrada são cristãos que viajam para as partes norte ou sul do país usando a Estrada Federal Birnin-Gwari , perto de Kaduna etc", acrescentou.

Investigação

Para seu monitoramento e documentação, a Intersociety conta com o que considera ser credível na mídia local e estrangeira, como relatórios do governo, grupos de direitos internacionais, testemunhas oculares e relatórios de vários órgãos cristãos do país.

A Intersociety relata que os pastores Fulani foram responsáveis ​​por 250 das 350 mortes registradas em janeiro e fevereiro de 2020, enquanto o Boko Haram e as gangues de bandidos das estradas são responsáveis ​​por 100 mortes.

Nos últimos dois meses, a Intersociety relatou que militantes radicais Fulani realizaram ataques em Nasarawa, Adamawa e Edo, além de outros locais em todo o país.

A Intersociety também estimou que mais de 2.000 igrejas e centros de culto cristão foram incendiados desde junho de 2015, com os pastores Fulani sendo responsáveis ​​por cerca de 1.500 e o Boko Haram por 500 mortes.

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