Após ser expulso de vila no Vietnã, cristão volta para evangelizar e 60 se convertem

A Lam foi expulso de sua antiga vila por ter evangelizado algumas pessoas, mas não se intimidou e retornou para continuar o trabalho missionário.

Fonte: Guiame, com informações da Portas Abertas (EUA)Atualizado: sexta-feira, 17 de julho de 2020 às 11:48
Cristãos participam de culto no Vietnã. (Foto: chretiens.info)
Cristãos participam de culto no Vietnã. (Foto: chretiens.info)

Quem vê o jovem A Lam* não imagina a tamanha perseguição que ele já enfrentou - e enfrenta ainda hoje - para seguir e servir a Jesus. Primeiro cristão de sua família, ele enfrentou provações pessoais e até luto em por tomar a decisão de se entregar a Cristo, vivendo no Vietnã.

Ao conversar com uma equipe da Missão Portas Abertas (EUA), ele compartilhou como cresceu praticando as crenças tribais de sua família e indo ao feiticeiro em sua aldeia, porque sempre que estava doente ou precisando de algo. Somente após seus 20 anos, A Lam ouviu pela primeira vez o evangelho por meio de missionários que estavam implantando uma igreja nas proximidades e lhe mostraram o filme “Jesus”. Ele os ouviu por curiosidade, conforme relatou.

“As pessoas da igreja vieram até mim e compartilharam sobre Jesus, e eu orei para acreditar em Jesus”, ele lembra. "Eu queria seguir esse Jesus."

A Lam ficou tão comovido que correu para contar aos outros o que havia encontrado. Ele trouxe o filme de volta para esta vila e compartilhou sobre esse Jesus que acabara de encontrar com a multidão que se reunira para assistir ao filme.

Mas logo ele entendeu como é ser cristão em uma vila comunista. Em uma vila comunista, o governo fornece a terra e tem controle absoluto - frequentemente exercendo esse controle sem hesitação. Nenhuma fé que desafie a lealdade do governo é permitida, incluindo o cristianismo.

Então, quando os líderes da aldeia souberam que alguém em sua comunidade havia se convertido ao cristianismo e estava se preparando para exibir um filme com o título “Jesus”, correram para o local para reprimir qualquer vislumbre de fé. Primeiro, eles pressionaram A Lam, lançando insultos contra ele. Depois, rapidamente informaram a multidão sobre as consequências.

"Se vocês assistirem a este filme, se tornarão cristãos", disseram eles. “E se vocês se tornarem cristãos, a polícia virá e os colocará na cadeia. O governo os indiciará. É melhor para vocês se não se tornarem cristãos".

Pela primeira vez na vida de A Lam, os líderes de sua aldeia o ameaçavam. E ele não estava preparado para isso. Quando ele orou para aceitar Jesus, ele nunca pensou que essa decisão lhe causaria tantos problemas, assim como sua família. Então, com medo do que poderia acontecer, A Lam renunciou à sua nova fé.

"Finalmente eu disse: 'Ok, eu não sou cristão', mas no meu coração ainda acreditava em Deus", contou.

Por seis anos, A Lam orou a Jesus em segredo. Externamente, ele seguia os rituais tribais de sua família; mas interiormente, ele guardava em seu coração o Jesus que havia encontrado.

“Eu sou um cristão”

A Lam se casou e ele e sua esposa Y Ca* logo começaram a querer filhos. Seguindo os costumes da vila, o casal foi ao feiticeiro local para pedir um filho.

"Gastamos muito dinheiro em sacrifícios para ele", diz ele. Sua voz baixa e seus olhos olham para baixo, enquanto ele compartilha a dor de perder dois filhos. Seu primeiro bebê morreu durante o parto. O segundo, eles perderam durante a gravidez.

Com alguma reticência, ele se aproximou da esposa, grávida do terceiro filho, e sugeriu que eles fossem à igreja e deixassem o pastor orar por ela. Desesperada, ela concordou. Durante a gravidez, A Lam orou fervorosamente por um bebê saudável. Seus olhos escuros brilham quando ele compartilha que o filho nasceu sem complicações.

Era tudo o que precisava para confessar publicamente o Jesus que seguira secretamente nos últimos seis anos.

"Levantei-me e disse 'sou cristão'", ele compartilha. Sua esposa também decidiu seguir a Jesus. Juntos, eles começaram a frequentar os cultos na igreja local em uma vila próxima.

Mas apenas algumas semanas depois, os problemas começaram mais uma vez para a jovem família. Oficiais da vila convocaram A Lam para interrogatório. Ao se aproximar da área, ele viu todos que conhecia, com os olhos fixos nele, incluindo sua família e amigos. A comunidade em que ele cresceu agora era uma multidão enfurecida, pronta para acusar e atacar.

"Eles planejavam me atacar", diz ele. "Eles já haviam preparado quatro ou cinco homens fortes para me espancar, mas agradeço a Deus que isso não tenha acontecido".

Em frente à comunidade em que ele cresceu, A Lam foi acusado, denunciado publicamente e "condenado".

"Eles me disseram que, porque eu me tornei cristão, teria que deixar a vila", ele compartilha.

Para aqueles da Ásia que são ensinados desde tenra idade a valorizar sua honra ainda mais do que suas próprias vidas, a denúncia pública geralmente é ainda pior do que uma surra, explicou um missionário que acompanhava a equipe da Portas Abertas no Vietnã. "É como ser considerado culpado e assim você envergonha toda a sua família".

Naquele dia, A Lam e Y Ca deixaram sua casa, levando apenas algumas coisas, e foram morar com o pastor de sua igreja.

Evangelismo, ameaças e crentes secretos

A Lam conta várias histórias de compartilhar Jesus, seguidos de perseguição, na nova aldeia. Ele aprendeu a verdade de Mateus 10:22 em primeira mão - que aqueles que confessarem o nome de Jesus serão 'odiados e desprezados'.

Ele se lembra de levar um jovem a Cristo. Quando o governo local descobriu, eles incentivaram a mãe do homem a enfrentar A Lam. "Ela veio até mim com uma faca e disse que me mataria ou destruiria a casa", lembra A Lam.

Outra vez, A Lam compartilhou o evangelho com uma família e eles confiaram em Cristo. Mais uma vez, os líderes locais foram rápidos em intervir. Apesar das ameaças, a família ainda segue a Jesus, diz ele.

Retornando

Deus também abriu portas para ele voltar à vila de onde havia sido expulso. A Lam aproveitou essas oportunidades para compartilhar o Evangelho. Em sua antiga vila, ele conseguiu evangelizar mais de 60 pessoas em segredo.

Mas em seu depoimento, A Lam rapidamente lembrou do perigo que traz essas decisões.

"Eu oro por eles porque eles são novos crentes e têm medo de enfrentar perseguição", diz ele, pedindo que esses novos convertidos também sejam incluídos nas orações de todos.

Ele também pede que orem para que ele cresça em seu conhecimento da Bíblia para continuar firme e ajudar os outros a fazer o mesmo. E ele pede oração pelas muitas famílias que sofrem como resultado do bloqueio do Covid-19 no país. As fábricas de mandioca da região fecharam. Como resultado, os trabalhadores da colheita também perderam seus empregos, incluindo A Lam. Atualmente, ele está trabalhando em sua pequena fazenda.

"Louvo a Deus por ainda ter uma terra para trabalhar", diz ele.

A Lam encerrou seu depoimento, compartilhando uma paráfrase de sua passagem bíblica favorita.

“Jesus disse que se alguém quiser ser Seu discípulo, deve se sacrificar, tomar sua cruz e segui-Lo (Mt 16:24). Esse é o seu verso de fé”, ele diz.

“Esse versículo realmente me incentivou a levantar e estar disposto a correr riscos para seguir a Jesus. Porque Ele disse que devo tomar diariamente minha cruz. Oro para que possa sempre segui-Lo”, finalizou.

*Nomes fictícios usados por motivos de segurança.

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