Autoridades locais fecharam uma igreja na Indonésia no sábado (1), duas semanas depois que muçulmanos invadiram um culto e exigiram seu fechamento.
De acordo com o Morning Star News, a Igreja Protestante Cristã Simalungun (GKPS) em Cigelam, na província de Java Ocidental, foi interditada pela regente de Purwakerta, Anne Ratna Mustika, pelos chefes locais da polícia e dos militares, e pelo chefe do departamento de religião local.
Anne alegou que a igreja foi fechada porque não possuía aprovação e certificado para funcionar.
No entanto, Krisdian Saragih, líder do anciãos da GKPS, afirmou que o fechamento aconteceu sem o devido processo legal.
“A vedação deve ser feita no veredito do tribunal como prova de que o governo local está cumprindo a lei”, explicou Krisdian ao Morning Star News.
Além disso, o fechamento do templo foi feito sem aviso prévio, uma semana antes da Páscoa.
“Foi um evento triste para toda a congregação, porque aconteceu pouco antes da Semana Santa da Páscoa”, lamentou Krisdian.
“O fechamento da igreja também é injusto porque foi feito sem aviso prévio oficial para nós, como proprietários do prédio. Foi feito em nossa ausência; nenhum membro da congregação ou anciãos da igreja estavam presentes”.
O líder e o pastor Julles Purba afirmaram que, em vez de interditar a igreja, as autoridades deveriam informar os requisitos detalhados para obter a licença de construção, que inclui a assinatura dos vizinhos da região.
“O governo deve nos dizer quais requisitos devemos cumprir; é claro que estamos dispostos a lidar com os moradores em torno de nossa igreja. Queremos fazer parte da comunidade local. Queremos muito saber o que eles esperam de nós”, declarou Krisdian.
Invasão por muçulmanos
A Igreja Simalungun nunca teve conflito com os moradores até o episódio de 19 de março, quando dois muçulmanos entraram no prédio e interromperam o culto, tirando fotos e gravando vídeos.
Os islâmicos locais ordenaram que os cristãos fossem embora, porém a congregação se recusou e o pastor Julles Purba continuou o culto até o fim.
A Comunhão das Igrejas Cristãs da Indonésia (PGI) enviou uma carta de protesto à regente Anne, condenando o fechamento da Igreja Protestante Cristã Simalungun.
“A ausência da licença de construção da igreja como motivo para a vedação do prédio da igreja foi uma desculpa inventada pelo regente”, afirma a carta.
A organização denunciou que outras três igrejas locais apresentaram pedidos de licenças de construção, nas últimas três décadas, mas não tiveram retorno do governo.
“Algumas igrejas em Purwakarta solicitaram licenças para construir casas de culto por décadas, mas não obtiveram licenças. Igrejas como a Igreja Cristã Unida da Indonésia (HKI) e a Igreja Protestante Batak Karo (GBKP), bem como a Igreja Cristã do Novo Testamento também sofrem o mesmo destino”, disse a carta.
Dificuldades para construir igrejas na Indonésia
Na Indonésia, as igrejas enfrentam dificuldade para obter permissão para construir prédios. Os requisitos para ganhar a licença são quase impossíveis de cumprir para a maior parte das congregações novas.
Para construir um templo, os cristãos precisam apresentar 90 assinaturas de aprovação de membros da congregação e 60 de famílias da região de diferentes religiões.
As igrejas frequentemente enfrentam oposição de grupos que tentam obstruir a construção de casas de culto não muçulmanas. A Human Rights Watch disse anteriormente que mais de 1.000 igrejas na Indonésia foram fechadas devido à pressão desses grupos.
“Se uma igreja é vista pregando e espalhando o evangelho, ela logo se depara com a oposição de grupos extremistas islâmicos, especialmente em áreas rurais”, afirmou a Portas Abertas.
“Em algumas regiões da Indonésia, as igrejas não tradicionais lutam para obter permissão para edifícios religiosos, com as autoridades muitas vezes ignorando sua papelada”.
A Indonésia está classificada em 33º na lista de países na Lista Mundial da Perseguição da Missão Portas Abertas, onde os cristãos enfrentam os níveis mais extremos de perseguição.