Um cardeal católico, de 90 anos, foi preso em Hong Kong, na China, por apoiar a democracia.
Joseph Zen, que atuou como bispo de Hong Kong anteriormente, foi detido pelas autoridades devido a seu trabalho como administrador do grupo pró-democracia “612 Humanitarian Relief Fund”, segundo o National Catholic Register.
A organização de Joseph pagou advogados para pessoas que foram presas por participarem dos protestos pró-democracia de 2019. O “612 Humanitarian” fechou em 2021.
O líder cristão foi detido junto com três ativistas da democracia na delegacia de Chai Wan, na quarta-feira (11). Após ser interrogado sobre seu envolvimento com o grupo pró-democracia, Zen foi libertado sob fiança.
“O cardeal Zen é o primeiro cardeal católico preso em solo chinês nas últimas décadas. Ele nos lembra do heróico cardeal Kung de Xangai, que foi preso em 1955. Lamentamos muito que isso tenha acontecido e rezamos para que Deus lhe dê graça e força para continuar sua batalha pela liberdade religiosa e pela democracia”, declarou um líder cristão de Hong Kong, ao International Christian Concern (ICC).
O cardeal Joseph Zen é conhecido como um defensor da democracia e da liberdade religiosa na China. Frequentemente, ele critica a opressão do governo comunista contra o povo chinês, em especial à comunidade católica clandestina.
Seu apoio a ativistas pró-democracia e sua postura contra o Partido Comunista Chinês o tornaram alvo de perseguição.
Em junho do ano passado, Zen recebeu ameaças, enquanto preparava uma missa em memória das vítimas do Massacre da Praça da Paz Celestial, quando o governo reprimiu de forma cruel um protesto por liberdade e democracia.
Ameaça à liberdade
“A erosão da liberdade em todos os aspectos em Hong Kong é muito preocupante, pois um número crescente de combatentes da liberdade é preso e encarcerado por acusações fabricadas”, afirmou Gina Goh, Gerente Regional do ICC no Sudeste Asiático.
E alertou: “Se um reverenciado cardeal de 90 anos não puder ser poupado, isso indica que o sistema legal continuará a ser abusado pelo governo para prender qualquer pessoa em Hong Kong que considere uma ameaça à cidade. O Vaticano e o mundo precisam falar e apoiar o Cardeal Zen”.
O Vaticano não se manifestou sobre a prisão de Joseph e muitas pessoas foram às redes sociais pedir para que líderes católicos se manifestem em defesa do cardeal chinês.
“Esperamos que o Vaticano não apenas condene a prisão do Cardeal Zen e peça sua libertação ao lado dos outros ativistas, mas também reconsidere seu silêncio em relação à prisão em curso, violações dos direitos humanos em Hong Kong e na China”, afirmou Sam Goodman, diretor de política e advocacia da Hong Kong Watch, ao The Globe and Mail.