Reuniões de igrejas e cultos online são proibidos na China a partir de março

Agora qualquer tipo de encontro online de cunho religioso, desde uma simples reunião até uma pregação serão atos considerados “fora da lei”.

Fonte: Guiame, com informações de Portas AbertasAtualizado: quinta-feira, 3 de março de 2022 às 12:44
Culto online foi liberado durante a pandemia de Covid-19, mas agora se tornou ilegal. (Foto: Portas Abertas)
Culto online foi liberado durante a pandemia de Covid-19, mas agora se tornou ilegal. (Foto: Portas Abertas)

No dia 1º de março, uma nova lei chinesa entrou em vigor, tornando ainda mais rígido o controle sobre os cristãos no país. A regulamentação torna ilegal a criação ou compartilhamento de qualquer conteúdo religioso online. 

O criador ou compartilhador da postagem poderá ser punido conforme as novas regras. Isso vale para cristãos e também para budistas ou islâmicos. Dessa forma, todo tipo de encontro online de cunho religioso, desde uma simples reunião até uma pregação serão atos considerados “fora da lei”. 

Conforme a Portas Abertas, o acesso legal à internet só será concedido às “Cinco Religiões Autorizadas”, que incluem a Igreja Católica Romana controlada pelo Estado e as religiões protestantes.

As cinco religiões reconhecidas oficialmente são o budismo, taoísmo, islamismo, catolicismo e protestantismo. Mas, o “reconhecimento” não permite que tais religiões promovam a si mesmas ou possam se expandir facilmente. A meta parece ser impedir qualquer uma de adquirir força para fazer frente ao Partido Comunista.

Vigilância chinesa está entre as mais opressivas do mundo

Para postar ou compartilhar qualquer conteúdo online é necessário uma ‘Permissão de Serviço de Informação Religiosa da Internet’. Na prática, estes só serão disponibilizados para as igrejas já ‘legalmente estabelecidas’. 

Mesmo assim o conteúdo será examinado de perto, para garantir que a mensagem esteja de acordo com os ensinamentos do Partido Comunista Chinês. Todas as outras igrejas clandestinas estão efetivamente sendo expulsas da internet.

“Já observamos que em nossa área, as reuniões online com um grande número de participantes desapareceram”, disse um líder cristão não identificado no sul da China.

“Até agora, conseguimos realizar pequenas reuniões online, com alguns membros da igreja participando de cada vez. Continuaremos nossas reuniões assim, onde houver espaço. Vamos dar um jeito”, continuou.

Consequências e punições

As consequências para quem violar essas novas medidas podem variar de acordo com a decisão das autoridades chinesas e suas imposições.

As igrejas que desobedecem podem ser solicitadas pelas autoridades locais a participar de notórias “reuniões de chá” com autoridades, onde receberão fortes advertências e enfrentarão detenção administrativa, entre outras punições.

Algumas fontes da Portas Abertas compartilharam que já excluíram as postagens relacionadas à religião nas mídias sociais, antes mesmo que a lei entrasse em vigor.

Planos chineses já estavam em andamento

O secretário-geral da Portas Abertas no Brasil, Marco Cruz, disse que esta última lei faz parte de uma estratégia de longa data do Partido Comunista Chinês. 

“O Partido há muito vê a religião como uma ameaça em potencial. Quando percebeu que não podia acabar com os cristãos no país, tentou contê-los. Eles temem que os cristãos sejam leais a outra instituição ou tenham outra devoção que não seja ao Partido Comunista Chinês”, explicou.

Nos últimos anos, o Partido fez algumas ações para dificultar ainda mais a vida dos cristãos. Instalou tecnologia de reconhecimento facial em algumas igrejas aprovadas pelo Estado, fechou e destruiu igrejas não reconhecidas.

“As igrejas precisarão adaptar a maneira como operam, com muitas possivelmente ficando offline por enquanto. À medida que a busca da nação por significado continua a não ser atendida pelos dogmas ateus oficiais da nação, eles continuarão a crescer”, concluiu o secretário-geral.

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