O Iêmen é o terceiro pior lugar do mundo para quem acredita em Jesus Cristo, ocupando o 3º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2023. Por lá, os cristãos estão vivendo em condições sub-humanas, conforme a Portas Abertas.
A crise de segurança e fome piorou depois da guerra no Sudão, terremotos na Turquia e Síria e a invasão russa à Ucrânia, já que a ajuda emergencial por parte de organizações cristãs precisou ser mais distribuída.
“Além da fome, o país também enfrenta uma longa guerra civil que é interesse de disputas internacionais”, diz a organização em seu site ao explicar que, apesar de atualmente viver um cessar-fogo, 90% da população do país vive em condições miseráveis.
Cristianismo no Iêmen
O Iêmen é um país árabe que já abrigou o Reino de Sabá. O cristianismo chegou por lá no quarto século, enquanto o judaísmo e o paganismo já estavam estabelecidos. Mas, o islamismo espalhou-se rapidamente a partir do século 7.
Hoje, é praticamente impossível ser cristão e ter paz no Iêmen. Todos os iemenitas são considerados muçulmanos pelo Estado e deixar o islã é expressamente proibido.
Manter a fé em Jesus em segredo é a única forma de evitar a perseguição. Os principais fatores para esse cenário de intolerância religiosa são a opressão islâmica, paranoia ditatorial e crime organizado.
Rigidez das leis islâmicas
Deixar o islã é considerado um crime no Iêmen e os "fora-da-lei" podem pagar com a própria vida pela desobediência e desrespeito à Constituição. Mas, não são apenas as autoridades que perseguem os cristãos, há também os grupos extremistas islâmicos que agem com total violência.
As tribos também podem matar ou banir qualquer membro que se converta ao cristianismo. Mesmo assim, parece que os cristãos iemenitas não pensam em desistir de sua fé.
“Nós, cristãos, carregamos uma esperança que nos ajuda com a certeza de que o amanhã será melhor e, pela vontade de nosso Senhor, passaremos por isso e por todas as ansiedades e medos que nos cercam”, disse Nasser, um cristão perseguido que vive na Península Arábica.
Sobre a guerra em curso no Iêmen
A guerra no Iêmen acontece há 9 anos e o país vive um dos períodos mais difíceis desde 2014. De um lado, estão as forças do governo de Abd-Rabbu Mansour Hadi, apoiadas por uma coalizão sunita liderada pela Arábia Saudita. Do outro, está a milícia rebelde houthi, de xiitas, apoiada pelo Irã, que controla a capital Sanaa, e partes do oeste do país.
Conforme o Guiame já publicou, o motivo da guerra no Iêmen é a disputa de poder. O conflito tem suas raízes no fracasso de um processo político que deveria trazer estabilidade ao Iêmen após a Revolução Iemenita de 2011 — que foi parte da Primavera Árabe.
Essa revolução forçou o presidente autoritário de longa data, Ali Abdullah Saleh, a entregar o poder a seu vice, Abdrabbuh Mansour Hadi. Como presidente, Hadi lutou contra diversos problemas, incluindo ataques de jihadistas, um movimento separatista no sul, a lealdade contínua do pessoal de segurança a Saleh, além de corrupção, desemprego e insegurança alimentar.
Muitos países se envolveram nesse conflito interno, entre eles, a Arábia Saudita e outros oito países árabes, principalmente sunitas e apoiados pelos Estados Unidos, Reino Unido e França, com a intenção de ajudar a restaurar o governo de Hadi. Por isso, esses países fizeram ataques aéreos contra os membros do movimento Houthi, mas eles tiveram o apoio do Irã.
A Organização das Nações Unidas (ONU) classifica o Iêmen como a pior situação humanitária do mundo, resultando em níveis chocantes de sofrimento. O país já era um dos mais pobres entre os países árabes e teve a situação agravada após a guerra civil.