Uma 'desertora' da Coreia do Norte colocou sua vida em risco ao voltar para o seu país e contar à sua família cristã que ela aceitou Jesus Cristo como seu Salvador.
Em uma entrevista publicada pela agência 'World Watch Monitor', uma mulher norte-coreana, que tem 40 anos e agora vive com sua família na Coreia do Sul, detalhou suas experiências de vida, tendo fugido para a China depois de se formar no segundo grau, ser sequestrada e vendida como escrava para um agricultor chinês e depois permanecido presa em um campo de trabalho norte-coreano.
A mulher, que usou o pseudônimo 'Myoung-Hee' por razões de segurança, explicou como descobriu há mais de 40 anos que seus parentes estavam vivendo clandestinamente como cristãos na Coreia do Norte.
Atualmente a Coreia do Norte classifica-se consistentemente como o país onde ocorre a mais intensa perseguição aos cristãos e Myoung-Hee soube da maneira mais difícil que sua família praticava o cristianismo.
Ela detalhou a noite em que seu pai chorou muito, depois que seu tio fora executado por causa de sua fé, junto com outros 10 cristãos. Embora os outros membros de sua família fossem cristãos praticantes, ela chegou à suposição de que era a fé de seu tio a causadora da morte dele e se revoltou contra o cristianismo na época.
Em vez de ler a Bíblia, Myoung-Hee decidiu se concentrar nos estudos e leu muitos livros que foram traduzidos do russo, o que lhe deu o desejo de buscar a vida fora da Coreia do Norte.
Depois de terminar o ensino médio na Coreia do Norte, ela decidiu fugir sozinha do país. Myoung-Hee disse que foi para a fronteira chinesa, atravessou o rio a nado e continuou andando até que ela viu uma aldeia.
"Fui raptada por traficantes de seres humanos e vendida para um fazendeiro chinês. Ele não era tão ruim quanto a maioria dos chineses que compram mulheres norte-coreanas", explicou. "Eu tive um filho com ele, mas nunca consegui me sentir bem com sua família".
Myoung-Hee acreditava que sua sogra chinesa sempre agia de forma suspeita, porque frequentemente saía sem explicar para onde estava indo. Pouco tempo depois, Myoung-Hee seguiu sua sogra em uma noit e soube que aquela senhora saía escondida de casa para ir à igreja.
"Vi que aquela era uma reunião cristã, o que me deixou desconfortável, porque sempre fui contra o cristianismo, mas minha curiosidade me dominou e decidi ficar ali para assistir", disse ela. "Eu realmente acabei querendo aprender mais sobre Deus".
A conversão
Myoung-Hee mais tarde reconheceu Jesus como seu salvador e se tornou uma cristã, assim como sua própria família na Coreia do Norte. Seu desejo de voltar para casa e se reencontrar com sua família cresceu de maneira tão forte que ela convenceu seu esposo a permitir que ela voltasse para sua terra natal, mesmo correndo o risco de ser presa, torturada ou até mesmo morta pela polícia norte-coreana. Agora, além de desertora, ela era uma cristã.
Mesmo que Myoung-Hee não tenha sido presa quando inicialmente em sua fuga da Coreia do Norte, ela acabou sendo presa em sua ao retornar para o seu país.
Depois que as autoridades descobriram quem ela era e de onde ela era, enviaram-na para um campo de concentração mais próximo de sua cidade natal, que era menos seguro do que a prisão na qual ela estava antes.
Perseverança
Foi sua fé cristã que lhe permitiu manter a esperança enquanto esteve presa, de que um dia ela ainda iria se reunir com sua família de origem. Ela lembrou que precisava se apoiar em certos versículos bíblicos que havia memorizado, particularmente uma passagem do Salmo 62, que diz: "Deus é minha rocha e minha salvação".
A oportunidade de fugir daquele campo de concentração surgiu em uma noite, quando os guardas da prisão se embriagaram e esqueceram de trancar as portas. Ela saiu pela porta e continuou correndo.
"Eu não parei de correr até eu ver uma placa apontando para a região onde ficava a minha casa", ela explicou.
Myoung-Hee contou que o momento da sua chegada à casa de seus parentes foi uma das experiências mais incríveis que já viveu.
"Foi a experiência mais alegre de todas. Nós ficamos muito felizes em nos ver novamente", disse ela. "Pela primeira vez, todos nós adoramos a Deus juntos, como uma família. Eu também participei de pequenos cultos domésticos de outras famílias cristãs".
Depois de se reunir com sua família na Coreia do Norte, Myoung-Hee sentiu o chamado para evangelizar seu marido e seu filho que estavam morando na China. Embora ela estivesse bem consciente de que poderia ser presa novamente, ela contou à 'World Watch Monitor': "nada poderia intimidar minha paixão por Cristo".
"Meu marido e meu filho tinham que ouvir o Evangelho também", ela afirmou.
Em sua viagem de regresso à China, ela disse que era abençoada pela ajuda que recebia de pessoas ao longo do caminho e chegou sem ser seqüestrada ou presa. Ela foi capaz de ministrar a seu marido e filho, que também se tornaram cristãos.
"Há tantos pais cristãos na Coreia do Norte que não podem compartilhar sua fé com seus filhos, isso me parte o coração", disse ela. "Eu também fui vítima disso, mas graças às orações de outras pessoas, fui encontrada por Deus".