Haroon Shahzad, um cristão de 45 anos que vive no Paquistão, foi acusado de blasfêmia na última sexta-feira (30), por postar em sua página do Facebook o versículo bíblico de 1 Coríntios 10.18-20 que fala de sacrifícios oferecidos a ídolos e que os pagãos sacrificam aos demônios e não a Deus.
A postagem foi feita na quinta-feira, ocasião em que os muçulmanos davam início ao 4º Festival de Eid al-Adha (Festa do Sacrifício), que envolve o abate de um animal e a partilha da carne.
Ao ver o post, um aldeão muçulmano fez uma captura de tela e enviou para vários grupos de suas redes sociais, acusando Shahzad de “desrespeitar a tradição abraâmica de sacrifício de animais” e de “comparar muçulmanos a pagãos”.
Eid al-Adha é uma festa que relembra a ocasião em que Deus forneceu um cordeiro para Abraão sacrificar, em vez de matar seu filho Isaque.
Sobre a postagem que “insultou” os muçulmanos
Tahir Naveed Chaudhry, morador de Sargodha, um cristão e ex-legislador, disse que Shahzad não fez nenhum comentário no post.
“A postagem se espalhou nos círculos muçulmanos, mas a situação ficou tensa após as orações de sexta-feira, quando foram feitos anúncios pelos alto-falantes da mesquita pedindo às pessoas que se reunissem para um protesto”, disse Chaudhry ao Morning Star News.
Chaudhry disse que ele e outros líderes cristãos locais começaram a monitorar as tensões na noite de quinta-feira e que estavam em contato com a administração distrital e as autoridades policiais.
Quando souberam que multidões de outras aldeias começaram a se reunir após os anúncios da mesquita, eles informaram a polícia do distrito de Sargodha, que enviou um grande contingente para proteger as quase 300 famílias cristãs na aldeia.
‘Caso injustificado’
“A polícia chegou ao vilarejo a tempo e impediu qualquer ataque aos cristãos ou danos à propriedade. Porém, a presença da polícia não impediu que as multidões levantassem slogans inflamatórios. Temendo que a situação pudesse sair do controle, a maioria das famílias fugiu de casa, deixando tudo para trás”, relatou.
Chaudhry, advogado e chefe de seu próprio partido político, disse que Shahzad precisou se esconder junto com sua esposa e seis filhos. A polícia registrou o caso que é “injustificado” segundo o advogado, já que o cristão apenas postou um versículo bíblico e não fez nenhum comentário pessoal que pudesse ser considerado blasfemo.
Conforme a Morning Star News, a acusação de blasfêmia contra Shahzad decorre de ressentimentos pessoais por parte do reclamante, Ullah. Chaudhry disse que Ullah se envolveu em batalhas legais com Shahzad por causa de um terreno cedido pelo governo para a construção de uma igreja.
Ainda segundo informações obtidas pelo veículo, Ullah tentou de tudo para suspender a obra realizada pelos cristãos, mas depois de 4 anos de batalha judicial, ele não conseguiu prevalecer, daí o motivo de sua ira.