Na última terça-feira (30), um tribunal em Bahawalpur, no Paquistão, condenou à morte um cristão de 22 anos por supostamente cometer crime de blasfêmia, conforme o Morning Star News.
Lazar Allah Rakha, advogado de Noman Masih, disse que o tribunal de sessões anunciou seu veredicto na Nova Cadeia Central de Bahawalpur, na província de Punjab, embora a promotoria não tenha fornecido evidências da acusação de blasfêmia contra ele.
“Estou extremamente desapontado com a condenação, porque não houve absolutamente nenhuma prova contra Noman. Além disso, nenhuma das testemunhas apresentadas pela polícia poderia corroborar a alegação de blasfêmia contra ele”, disse o advogado.
Sentença de morte
O julgamento de Noman foi concluído em janeiro, mas o tribunal adiou repetidamente o veredicto sob vários pretextos, disse Rakha. O cristão foi condenado por blasfemar contra Maomé, o que acarreta uma sentença de morte obrigatória de acordo com a Seção 295-C dos estatutos de blasfêmia do Paquistão.
“Apesar de tantas contradições no caso, não consigo entender por que o juiz das Sessões Adicionais de Bahawalpur, Muhammad Hafeez Ur Rehman, sentenciou Noman em vez de absolvê-lo. Isso é o assassinato da justiça”, continuou o advogado.
Ele disse que o tribunal emitirá seu veredicto por escrito em um ou dois dias, após o qual ele entrará com um recurso contra a condenação junto ao Bahawalpur Bench do Tribunal Superior de Lahore dentro do período obrigatório de sete dias.
Com relação ao status de um caso separado de blasfêmia contra Noman em Bahawalnagar, Rakha disse que o julgamento foi concluído e que o tribunal deve anunciar um veredicto em junho.
‘Pai prova a inocência do filho’
O pai de Noman, Asghar Masih, disse que a família ficou chocada com o veredicto, mas que “estão todos firmes na fé e buscando em Deus a liberdade de Noman”.
De acordo com Asghar, os policiais prenderam Noman em 1º de julho de 2019, durante uma batida noturna, horas depois que o primo do jovem, Sunny Waqas, foi levado sob custódia a 174 quilômetros de distância, pela polícia de Bahawalnagar sob acusação de blasfêmia em 29 de junho de 2019.
“As alegações em ambos os Primeiros Relatórios de Informação (FIRs) são infundadas”, disse o pai ao Morning Star News.
“Noman estava em casa dormindo quando foi preso, mas a polícia alegou que ele estava em um parque exibindo imagens blasfemas para 9 ou 10 pessoas às 3h30 da madrugada”, continuou ao explicar que os últimos quatro anos foram extremamente difíceis para a família, tanto na parte emocional quanto na financeira.
Noman Masih. (Foto: Reprodução/Morning Star News)
Dificuldades da família
“A mãe de Noman e eu ansiamos por ele todos os dias. Nossos corações se partiram hoje quando fomos informados sobre a sentença de morte. Mas nossa fé em Cristo não cedeu, e confiamos em Deus para nos resgatar deste sofrimento”, disse ainda o pai.
“Eu trabalho como faxineiro e mal consigo administrar as despesas domésticas com meu salário. Desde a prisão de Noman, acumulei uma dívida enorme, porque tenho que arcar com suas despesas de prisão a cada visita”, lamentou Asghar.
A família frequenta a Igreja Anglicana do Paquistão e Asghar disse que é grato ao advogado por estar ao lado deles e trabalhar para conquistar a liberdade para o filho.
Mais informações sobre o caso
Noman Masih e Waqas (seu primo) foram presos depois que a polícia em seus respectivos distritos, citou “informações secretas” e abriram processos contra eles dentro dos estatutos de blasfêmia severa.
No processo há informações de que Waqas estava com imagens blasfemas do profeta do islã e que as carregava em uma bolsa preta para mostrar a outras pessoas.
Em sua defesa, o jovem informou à polícia que seu primo Noman havia compartilhado as supostas imagens com ele pelo WhatsApp. Waqas foi liberado sob fiança, mas segundo o Morning Star News" o valor foi altíssimo.
“No início deste ano, em 17 de janeiro, o LHC Bahawalpur Bench concedeu fiança a Waqas, mas ele só foi libertado em 3 de fevereiro devido a dificuldades em levantar o valor exorbitante e sem precedentes de 4 milhões de rúpias (US$ 13.994, mais de 70 mil reais)”, esclareceu o advogado.
O valor máximo permitido para fiança de acordo com a Seção 295-C é de 500.000 rúpias (US$ 1.750, quase 9 mil reais).
“Parece que o juiz queria tornar a libertação de Waqas impossível, estabelecendo o valor dos títulos em 4 milhões de rúpias”, disse a advogada Aneeqa Maria, da The Voice Society.
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