Os antigos membros da igreja de Andrew Brunson estão entre as testemunhas que depuseram contra o pastor americano, atualmente preso na Turquia sob falsas acusações de "terrorismo". Andrew Brunson está preso há mais de dois anos por causa de um processo que se arrasta na Justiça turca e pode ser condenado a mais 35 anos de prisão.
Kristina Arriaga, vice-presidente da Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos Estados Unidos que assistiu à última audiência em Brunson, detalhou o que viu na audiência de 18 de julho em Aliaga, durante uma recente entrevista à agência 'Christian Broadcasting Network'.
"O pastor Brunson ficou sentado lá, enquanto ouvia ex-membros da igreja, pessoas que ele batizou, pessoas com as quais ele tomava chá, testemunharem contra ele", explicou Arriaga, que estava sentada ao lado da esposa de Brunson durante a audiência.
Quando perguntada por que ex-fiéis testemunhariam contra Brunson, que serviu à igreja em Izmir por mais de duas décadas, ela respondeu: "Essas pessoas estavam sob uma tremenda pressão, podendo perder seus empregos e tinham que sustentar suas famílias. Nós não sabemos exatamente sob quais tipos de ameaças elas estavam".
Como Brunson é falsamente acusado de envolvimento com um grupo islâmico, suspeito de encenar a tentativa de golpe contra o governo de Erdogan em 2016, aqueles que compareceram às audiências se manifestaram sobre o fato de que as testemunhas não forneceram informações em primeira mão para comprovar as acusações do governo contra o pastor.
Muitos sentem que o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, insinuou que Brunson está sendo mantido como refém político para exigir a extradição do clérigo islâmico Fethullah Gülen, acusado da tentativa de golpe de 2016 e que agora está em um exílio auto-imposto no estado da Pensilvânia (EUA).
Derramando o perdão no Tribunal
Uma líder da igreja americana que assistiu às audiências de Brunson disse ao site 'Christian Post' após o julgamento de 18 de julho, que a promotoria apresentou três testemunhas falsas para testemunhar contra Brunson.
Arriaga, que tem sido uma voz ativa em defesa de Brunson, explicou que ela foi levada às lágrimas quando ouviu Brunson oferecer perdão àqueles que testemunharam contra ele durante o julgamento.
"E o juiz, a certa altura, virou-se para ele por volta do meio-dia e pediu a Andrew Brunson que falasse por si mesmo. Ele disse: 'Minha fé me ensina a perdoar. Então perdoo aqueles que apenas testemunharam contra mim", lembrou Arriaga, citando o pastor. "O clima em toda a sala ficou como se sentíssemos um calafrio. Eu sei que sua esposa, que é graciosa e extremamente forte, provavelmente achou que aquela era uma resposta natural do pastor. Mas fiquei atordoada e não pude conter as lágrimas quando ele disse isso".
Arriaga não foi a única movida pelo comentário de Brunson no tribunal. A filha do pastor, Jacqueline Furnari, relatou emocionada a oferta de perdão de seu pai no tribunal, quando falou no mês passado durante a primeira reunião ministerial do Departamento de Estado para promover a liberdade religiosa.
"Ele continuou dizendo: 'É um privilégio sofrer por causa de Cristo", disse Furnari enquanto se engasgava de emoção.
Ela então citou seu pai: "Bem-aventurado sou eu enquanto sofro por Ele. Abençoado sou eu enquanto sou caluniado. Abençoado sou eu enquanto mentem sobre mim. E abençoado sou eu enquanto sou aprisionado. Abençoado sou eu por compartilhar o sofrimento Dele".
No dia seguinte à apresentação de Furnari na reunião ministerial, um tribunal turco ordenou que Brunson fosse libertado do regime fechado na penitenciária e fosse transferido para prisão domiciliar. Nesse ponto, Brunson estava na prisão há mais de um ano e meio. Nenhuma acusação foi apresentada contra Brunson, que pudesse justificar os primeiros 17 meses de sua prisão.
Apesar da ordem judicial, o presidente Donald Trump e o vice-presidente Mike Pence ainda não estavam satisfeitos e ameaçaram sanções contra a Turquia, que é um país aliado da Otan, se Brunson não fosse devolvido aos EUA. Na semana passada, o Departamento do Tesouro formalmente impôs sanções a dois altos funcionários turcos, responsáveis pela detenção de Brunson.
Erdogan respondeu no final de semana seguinte, prometendo colocar sanções contra dois funcionários dos EUA.