Ab Shaik nasceu no sul da Índia há 46 anos, em uma família muçulmana. Quando jovem, foi estudar em uma escola Batista porque sua família achava que ele poderia ter uma boa educação lá. Mas ouviu do seu pai: “Lembre-se, você só vai estudar lá, não ouça o que eles ensinam sobre religião porque eles vão tentar converter você à fé cristã”.
O indiano conta que seu pai costumava dizer a ele que até poderia mudar de religião, mas que não tinha permissão para se tornar um cristão.
Na escola, Ab obedecia ao que o pai disse. Sempre que uma história da Bíblia era explicada no início do dia, ele simplesmente não prestava atenção. Várias vezes ele recebeu uma Bíblia dos Gideões que às vezes visitava a escola, mas costumava jogá-la fora.
Em uma das vezes, porém, Ab decidiu ficar com um Novo Testamento e o escondeu em casa. Aos 17 anos, Ab terminou seus estudos na escola Batista e se formou em mecânica geral em um instituto estadual.
Experiências com Deus
Ab tinha uma relação difícil com o pai e frequentemente brigavam. Por causa disso, desanimado ele tentou o suicídio em 1992. “Foi depois de uma discussão. Saí de casa e fui para o campo para pegar uma substância venenosa que é usada na agricultura. Depois que eu ingeri, ouvi uma voz que dizia: ‘Por que você quer se matar?’ Voltei para o meu pai e ele me levou urgentemente para um hospital”.
Após este episódio, Ab começou a buscar a Deus. Buscou alguns amigos que tinham estudado com ele e que falaram sobre Jesus. Mas Ab conta que tinha um problema: “Para nós, Jesus era para as castas inferiores”.
Enquanto isso, outro amigo do instituto onde estudavam estava pregando para Ab. “Ele sempre procurou oportunidades para pregar para mim. Ele sabia que eu gostava de ler, então me deu livros para minha viagem de 40 quilômetros entre a casa e o instituto”.
Ab conta que um desses livros chamou sua atenção porque foi escrito por um hindu de casta superior. “Lá eu pude ler como Deus criou os seres humanos, como os humanos deixaram a caminhada com Deus e como Deus veio a nós. Também explicou como receber o Senhor”, lembrou.
Era 9 de junho de 1992, quando Ab orou a Deus e sentiu como se um peso fosse subitamente removido de seus ombros. Ele estava cheio de alegria e paz. Depois dessa experiência, ele se lembrou da cópia do Novo Testamento que havia escondido anos antes em sua casa.
“Eu a encontrei e li em três dias. Então, procurei meu amigo e disse que queria ser batizado, mas ele não me levou a sério. Quando eu disse a ele que tinha aceitado o Senhor, ele me levou para falar com um pastor de uma nova igreja de cerca de 15 ou 20 pessoas. Eu fui lá todos os dias durante três meses e no dia 30 de agosto o pastor me batizou”, contou.
Trabalhar com os muçulmanos
Dois meses depois, Ab recebeu o chamado de Deus para trabalhar entre os muçulmanos em seu próprio país. Foi em um acampamento para novos crentes organizado por um sindicato de estudantes evangélicos.
“O pregador falou sobre Moisés e Paulo, sobre como eles tinham muito amor por seu povo. Eu caí no chão chorando e disse a Deus: ‘Senhor, eu quero trabalhar entre o meu povo’”, disse.
A oração de Ab foi respondida e Deus o disse, através das palavras do Evangelho de Mateus, “Siga-me”.
“Perguntei ao Senhor: Onde quer que eu vá? E Deus respondeu: ‘Primeiro, para a sua terra, para o seu povo’. Então, decidi dedicar-me completamente à evangelização dos muçulmanos”, contou.
Ab orou ao Senhor pedindo para encontrar pessoas com quem formar uma equipe, e conheceu outros ex-muçulmanos que se reuniram em uma nova igreja. “Eu fui lá como servo, para fazer o que fosse necessário, limpar o templo, os banheiros, o que fosse necessário. Durante toda a semana eu ia em caminhadas de oração com JOCUM e aos domingos eu ia à igreja. Depois de dois anos e meio, organizamos um curso de JOCUM sobre como trabalhar com muçulmanos e produzimos um vídeo em língua urdu”.
Em outubro de 2014, já havia um grupo de seis muçulmanos que se converteram a Cristo. A colheita se multiplicou e logo seis igrejas domésticas foram abertas e os líderes foram treinados.
Ab esteve recentemente na Espanha, visitando várias igrejas e participando da Conferência de Liderança e Discipulado na Casa dos Manantiales de Vida em Antequera (perto de Málaga).
Ele contou entusiasmado sobre como o evangelho cresce entre os muçulmanos na Índia (o segundo país com a maior população de muçulmanos, depois da Indonésia).
Ele também testemunhou que “Deus curou nossa filha mais nova do câncer”.
Há 250 milhões de muçulmanos na Índia - um em cada três no mundo. Ab trabalha entre eles há 24 anos. Pelo menos dez dias por mês ele está nas ruas, pregando ao lado de outros ex-muçulmanos que se converteram.