A violência do grupo de jihadistas Boko Haram durante ataque a uma vila foi descrita por Esther*, que ficou escondida atrás da porta de sua casinha improvisada, enquanto os ouvia gritando: "Convertam-se ou sejam mortos!"
Assustadas as pessoas corriam dos militantes. Seus comandos eram seguidos por gritos, tiros de metralhadoras e cheiro de carne e cabelo em chamas enquanto avançavam pela vila, contam testemunhas.
Durante a investida dos terroristas, Esther tentou diminuir a respiração, mas o mau cheiro só a fez entrar em pânico. Ela disse aos filhos para ficarem calados, embora disse não ter tanta certeza se ela mesma conseguiria ficar quieta e esperar.
Ela havia escondido seus filhos no cemitério da aldeia, cobrindo-os com grama e folhas para que os rebeldes não os descobrissem. Esther não via o marido desde que todos fugiram. Ela estava escondida na latrina de sua família, preparada para entrar no banheiro, se fosse o caso.
Enquanto olhava de olhos arregalados através da leve rachadura da porta, ela lentamente acariciou sua barriga se perguntando que tipo de vida seu filho por nascer teria. Esther nem ao menos sabia se alguém da sua família viveria naquele dia.
Impiedade
Esther conta que sua respiração ficou presa no peito quando dois homens armados se aproximaram de sua casa. Ela já tinha visto como eles queimaram as casas dos vizinhos e a igreja local. A fumaça ainda manchava o céu. Aqueles que não foram baleados em suas casas morreram nos incêndios.
Os homens conversaram entre si, discutindo. Lentamente, eles apontaram para a casa seguinte e caminharam em direção a ela. Eles atiraram em todo mundo lá dentro, depois queimaram a casa.
O jato de balas e gritos angustiados ecoaram na cabeça de Esther enquanto ela continuava agachada na dependência. Ela disse que cada pausa prolongada no tiroteio lhe dava esperança, mas também fazia seu corpo inteiro apertar.
Finalmente, Esther reuniu coragem e espiou novamente. “Estava estranhamente quieto; os rebeldes se foram”, lembra. Ela correu para os filhos, reuniu-os e foi para a casa do pai.
Quando se aproximaram, ela pôde ver que a casa dele ainda estava de pé. Mas seu coração caiu quando viu a casa do irmão ao lado: era um cobertor de cinzas, ainda fumegante.
Esther diz que fez uma rápida oração para que seu pai, irmão e a família de seu irmão tivessem escapado e estivessem todos a salvo. Ela deixou seus filhos escondidos, enquanto entrava silenciosamente na casa de seu pai.
O corpo da cunhada, cheio de centenas de balas, estava caído no chão. Os intestinos dela caíram do corpo.
Ofegando, Esther se inclinou para frente, sua mão procurando algo para firmar seu corpo trêmulo. De repente, ela se dobrou e agarrou seu estômago em agonia, a parte inferior de suas costas latejava de dor, lembra.
Esther chorou o mais silenciosamente que pôde.
Depois de enxugar as lágrimas dos olhos, Esther olhou para baixo e notou sangue escorrendo por sua coxa, ela estava sofrendo um aborto.
Outra vida - seu filho ainda não nascido - levada pelo Boko Haram.
Perseguição e terror
Todos os dias, cristãos em lugares como a Nigéria são mortos por não se converterem ao Islã. As igrejas estão sendo queimadas até o chão. E pastores estão sendo caçados e executados.
Por um milagre, Ester, seu marido e seus filhos escaparam dos rebeldes - e da morte. Eles se mudaram várias vezes, tentando ficar um passo à frente do terror que o Boko Haram trazia nas comunidades cristãs.
Mas inúmeras famílias não tiveram a mesma sorte. Ela conta que muitos de seus vizinhos e amigos se esconderam no teto, com muito medo de descer mesmo depois que o tiroteio parou. Eles acabaram morrendo de fome em seus sótãos.
Embora a perseguição aos cristãos esteja aumentando rapidamente em toda a Nigéria, as agências de defesa cristã dizem que “esses massacres raramente são notícia”.
Os crentes enfrentam diariamente a ameaça de morte brutal, mas se recusam a abandonar o Deus que amam.
Esther* nome mudado por motivo de segurança.