Os extremistas islâmicos da etnia Fulani - do nordeste da Nigéria - que foram acusados de se alinharem com o grupo terrorista de Boko Haram, mataram mais de 100 cristãos após choques de represália no início deste mês com a suspeita de terem recebido ajuda militar para o ataque, de acordo com um relatório.
Os assassinatos ocorreram na última semana, no nordeste do estado de Adamawa, onde as tensões começaram depois que alguns dos terroristas estupraram e mataram uma mulher grávida pertencente à comunidade predominantemente cristã de Numan em sua fazenda e também mataram seu marido e seu irmão quando eles tentaram intervir, de acordo com o site de notícias "World", que diz que vários membros da comunidade organizaram um contra-ataque ao grupo terrorista, mas acabaram caindo em uma emboscada.
O ataque arrasou várias aldeias na parte sul do estado, e um avião militar bombardeou uma igreja luterana e outros alvos, de acordo com testemunhas. O governo afirma que usou aeronaves militares em resposta ao ataque.
Stephen Mamza, presidente da associação cristã local da Nigéria, citou que o número de mortos é de pelo menos 100, e que outros ainda estão desaparecidos e também podem estar mortos.
O Índice de Terrorismo Global de 2017 descreveu os extremistas islâmicos conhecidos como 'pastores Fulani', que atacam os cristãos regularmente no sul de Adamawa, como terroristas em 2014.
Somente em fevereiro de 2016, os Fulani chegaram a matar cerca de 300 cristãos em Benue. Em março deste ano, eles mataram mais 200 cristãos em Nasarawa.
O Índice de Terrorismo Global diz que os Fulani são responsáveis por até 60 mil mortes desde 2001.
Em outubro, os pastores assassinaram 48 cristãos em vários ataques perpetrados durante um período de nove dias no estado do Platô.
O Rev. Andrew Okebe, Coordenador Zonal da Associação Cristã da Nigéria, no distrito de Miango, explicou o que aconteceu durante o ataque:
"Os soldados disseram às mulheres e crianças que se escondessem na escola primária (elementar) durante a noite, enquanto os homens da aldeia constituíam um grupo de vigilantes e se juntaram aos soldados para patrulhar a área. Infelizmente, a milícia desceu e os soldados fugiram, deixando os aldeões indefesos serem massacrados pelos terroristas", contou.
A 'Internacional Christian Concern', que relata sobre a perseguição sofrida por cristãos em todo o mundo, apontou na época que, embora tais incursões não sejam novas para a área, a "ferocidade e número de ataques neste curto período causaram grandes problemas para os cidadãos sitiados".
"Além disso, o fato de que há uma força militar estacionada na área, que foi completamente ineficaz, levanta ainda mais motivo de preocupação", afirmou a ICC.
Os funcionários do governo não reconhecem que os Fulani estão especificamente focas em matar os cristãos por causa de sua fé.
Em janeiro, o bispo Diamond Emuobor, presidente da Associação Cristã da Nigéria, disse: "Os cristãos devem se defender e quem não tem espada, deve vender seu casaco e comprar uma para se defender".
O bispo também exortou o presidente Muhammadu Buhari a fazer mais para impedir o assassinato de cristãos nigerianos, observando que as pessoas no norte do país estão particularmente em risco.