Uma mulher que foi levada como prisioneira pelos terroristas do Boko Haram no norte da Nigéria, testemunhou que em meio aos extremos desafios do cativeiro, não teve a fé abalada.
Nos últimos 15 anos, as regiões norte e central da Nigéria se tornaram campos de extermínio para os cristãos.
O Boko Haram e outros grupos terroristas têm queimado igrejas, executam pastores e sequestram mulheres e crianças, com objetivo de eliminar o cristianismo da região por meio da violência, da conversão forçada e do medo.
Mais de 50.000 cristãos perderam a vida e nesse contexto, começa o testemunho de Safiratu.
“Quando o Boko Haram invadiu, eu estava grávida de nove meses. Todos fugiram, mas eu não tive forças para correr. Eles me encontraram e me espancaram severamente. A criança morreu no meu ventre. Não havia ninguém para ajudar, nem remédios, nem comida. Fiquei completamente sozinha por uma semana", disse Safiratu ao Global Christian Relief.
‘Não temos a quem recorrer’
Depois disso, Safiratu achou água e após beber, conseguiu dar à luz ao bebê que nasceu morto. Em seguida, ela passou a buscar um local seguro para se abrigar.
Milagrosamente, ela conseguiu se reencontrar com os filhos e, juntos, fugiram passando uma semana sem comida nem água.
“Quando me viram, ficaram surpresos por eu ainda estar viva. Continuamos orando: ‘Ó Deus, Tu nos criaste e criaste a morte. Não temos a quem recorrer. Estamos em Tuas mãos’", relembrou ela.
Em uma aldeia chamada Zelidva, Safiratu foi vítima de mais um ataque do Boko Haram: "Eles amarraram todos os homens e os massacraram na nossa frente, incluindo quatro dos meus filhos".
Tempos depois, para tentar proteger os filhos que sobreviveram, Safiratu aceitou se casar com um dos terroristas.
"Se eu recusasse, seria morta e meus três filhos restantes seriam levados embora. Era melhor me casar para que meus filhos não ficassem sozinhos", explicou ela.
Apesar das circunstâncias, a cada dia que permanecia refém do Boko Haram, Safiratu sempre tinha algo para agradecer a Deus. Segundo ela, essa prática manteve sua fé viva e lhe deu esperança.
Mesmo quando era forçada a fazer orações islâmicas, ela orava em silêncio: “Ó Deus, tu és o nosso protetor, tu és o nosso tudo. Não temos chance, não temos força, não temos sabedoria. Só tu pode nos mostrar a saída deste cativeiro”.
Safiratu. (Foto: Reprodução/Global Christian Relief)
‘Firme em Jesus’
Poucos meses depois, enquanto estava grávida de seu agressor, Safiratu teve a oportunidade de fugir durante um confronto entre soldados nigerianos e os terroristas.
Sem destino, ela e os filhos caminharam por três dias até que reencontraram a família. No entanto, seu marido a rejeitou depois de saber sobre seu casamento forçado e a afastou dos filhos.
Abandonada e sem apoio, ela clamou a Deus: "Ó Deus, tu me criaste, me deste filhos, me deste meu marido, e em um dia tiraste tudo de mim, me deixando sozinha?".
Nesse momento, Safiratu conheceu um pastor que realizava um evangelismo local com o apoio da Global Christian Relief e a ajudou a encontrar um novo lar.
Assim, ela pôde se reunir com os filhos e juntar recursos para abrir um pequeno negócio. Safiratu também recebeu atendimento médico, aconselhamento para traumas e discipulado espiritual que a ajudaram no processo de cura emocional e perdão.
Hoje, ela ainda ora e jejua pela reconciliação de seu casamento e encoraja outros cristãos perseguidos: "Precisamos ser provados se cremos em Jesus".
E continuou: "Mesmo tendo vindo a este mundo, Ele foi perseguido. Essa é uma mensagem para nós: podemos enfrentar dificuldades, mas podemos permanecer firmes em Cristo".
"Quero que meus filhos conheçam a luz, a Palavra de Deus, estejam perto Dele e vivam uma vida feliz", concluiu.