Há três anos, o pastor Sila Simali e sua esposa Hellen Rose Simali, que é professora, se dedicam a oferecer educação por meio de um trabalho missionário na cidade de Mbale, em Uganda, que faz fronteira com o Quênia.
Crianças do orfanato ‘King Jesus Bright Academy’; Pr. Sila Simali. (Foto: Arquivo pessoal/Sila Simali)
O orfanato, que é uma fundação cristã, tem em sua agenda dias para comunhão e ensino das Escrituras. “No domingo estamos todos na igreja”, explica Sila.
Para tornar o sonho de ajudar as crianças de sua região em realidade, Simali começou a vender galinhas para construir e sustentar um orfanato. O início foi bastante difícil, mas o que tinham à mão era o que usavam, como a lousa na foto abaixo.
Lousa utilizada pelos professores. (Foto: Arquivo pessoal/Sila Simali)
A própria construção do espaço foi precária: com piso de terra batida, cobertura de sapê, sem colchões para as crianças dormirem. Algumas coisas já mudaram, como o telhado, que agora conta com cobertura mais sólida e paredes de tijolos de uma das estruturas substituindo as antigas, de barro.
A alimentação também era bem reduzida e simples, hoje melhorou um pouco mais com algumas doações. No entanto, apesar de todos esses desafios, o pastor Simali continuou sonhando em fazer mais e melhor para as crianças. Assim, outros ministérios se envolveram no projeto da King Jesus Bright Academy (Academia Brilhante Rei Jesus, em tradução livre).
O Guiame se tornou um desses apoiadores, na medida em que noticiou o projeto do orfanato, conforme matéria publicada em 2021 “Pastor monta orfanato com dinheiro de venda de galinhas, em Uganda” e outra em 2022 “Brasileiros apoiam pastor de Uganda que montou orfanato vendendo galinhas”. Agora, mostra o avanço do esforço conjunto dos parceiros para estruturar o trabalho missionário.
Apesar dos apoios bem-vindos, o pastor Sila diz que o processo de construção King Jesus Bright Academy é realmente difícil: “Estou orando e confiando na mão de Deus para nos ajudar”.
Órfãos e deficientes
Atualmente a escola tem 80 crianças, sendo sessenta órfãos de ambos os pais. “Eles dormem no orfanato e quatro crianças são deficientes. Nós os ajudamos porque a maioria das pessoas olham para esses coxos não como pessoas”, diz Simali.
Paredes de tijolos de uma das estruturas do orfanato substituem as antigas, de barro, em Mbale. (Foto: Arquivo pessoal/Sila Simali).
O pastor diz que 16 deles eram meninos de rua e “agora também eu os trouxe para a escola do orfanato, Deus tem ajudado muito essas crianças, órfãos, meninos de rua e os deficientes”.
Segundo Simali, algumas das crianças têm famílias de clãs, mas como a maioria dos pais morreram, eles foram negligenciados e a maioria deles foi expulso dessas famílias. “Eles moram na escola e nós sustentamos essas crianças; somos a melhor família para elas”.
Mesmo tendo o espaço físico, a escola e os alunos não contam com materiais didáticos, como livros para os alunos e para os oito professores voluntários, lousas, giz, cadernos, canetas, lápis etc. Não há o básico.
Também faltam uniforme escolar infantil, roupas, sapatos. Há carência de camas e colchões para as crianças.
Atualmente a escola possui quatro prédios provisórios para salas de aula, com um deles servindo de dormitório para as crianças.
De acordo com o pastor, com a quantidade de crianças que eles abrigam, há a necessidade de ampliar para seis salas de aula e um prédio que sirva de escritório para os professores. “Mas por enquanto os prédios estão precários. Ontem (27 de março) uma sala foi destruída pela chuva, precisamos muito de apoio. Se pudermos ter apenas um prédio de alvenaria já ajudaria. Todos nós estamos em oração aqui e confiando em Deus”.
O pastor explica que a ajuda financeira que recebem é usada para comprar, preferencialmente, alimentos para as crianças da escola: “Quando conseguirmos arrecadar cerca de 3 mil reais, poderemos comprar comida para dois meses para as crianças, ou seja, compraremos farinha, arroz e feijão, açúcar, para refeições da manhã e da noite”.
“Eles não têm oportunidade de comer muitos tipos diferentes de alimentos por falta de dinheiro, pois o único recurso que tenho hoje não dá conta”.
Ajuda brasileira
O pastor Sila fala sobre o apoio que recebe dos brasileiros para que seu trabalho seja mantido.
“O orfanato é ajudado apenas por meus irmãos e amigos no Brasil, as pessoas da minha comunidade não têm como sustentar, alguns pensam até que o pouco que eu uso para manter as crianças eu poderia usar em meu negócio. Mas não é isso que o Senhor me disse. Sinto que mais crianças precisam ser ajudadas, mas como não tenho recurso suficiente, agradeço a todos os amigos do Brasil”.
Crianças também aprendem sobre a Bíblia. (Foto: Arquivo pessoal/Sila Simali)
O pastor Sila citou o envolvimento do bispo Claudio Modesto, que o apoia espiritualmente e por meio da Berakhot Global Missions adotou a King Jesus Bright School, o arquiteto Lucas Fernandes Zeitune dos Santos, que está angariando recursos para a construção de prédios de alvenaria para o orfanato, além do pastor Silas Barduni, presidente da Assembleia de Deus Ministério Bíblico, em Cabo Frio (RJ), que mobilizou a igreja em favor da missão.
“Também agradeço ao Guiame que tem mostrado nosso trabalho e nossas necessidades. Muito obrigado, meu agradecimento especial a vocês”.
“Quando o bispo Claudio esteve conosco no ano passado, ele visitou a escola e compartilhou com nossas crianças e professores o andamento do projeto. Ele viu muitas coisas que a escola do orfanato está precisando, viu que faltam escrivaninhas, mesas e cadeira de escritório, quadros negros, beliches e colchões”, contou Sila.
“Com isso, ele pediu a amigos para nos ajudar. Ele está realmente desempenhando um grande papel no apoio a este projeto. Mobilizando amigos, eles conseguiram nos enviar algum dinheiro para fazer mesas, cadeiras e quadros negros”.
Carteira escolar em marcenaria. (Foto: Arquivo pessoal/Sila Simali)
“Eu agradeço a todos que estão de mãos unidas para nos apoiar. Que o Senhor abençoe o trabalho de suas mãos e recompense suas famílias e todos os descendentes”, diz.
“Meu muito obrigado ao meu querido irmão Lucas e sua esposa, que estão nos sustentando com comida, não posso deixar de agradecer e orar por sua família”.
O pastor Sila diz que há um projeto em andamento para criação de aves e agrícola. “Pensei que o projeto agrícola também nos ajudará em algumas culturas alimentares, para sustentar as crianças”.