Partido Comunista Chinês cria campanha para extinguir igrejas domésticas

Campanha “Retorno a Zero” quer que apenas as igrejas autorizadas, como a Three-Self que vivem sob vigilância, permaneçam.

Fonte: Guiame, com informações do ICC e Christian HeadlinesAtualizado: segunda-feira, 20 de maio de 2019 às 15:15
Governo Chinês visa extinção de igrejas domésticas. (Foto: Reprodução/ICC)
Governo Chinês visa extinção de igrejas domésticas. (Foto: Reprodução/ICC)

O governo comunista da China lançou uma nova campanha em abril para erradicar as igrejas domésticas, de modo que somente as que fazem parte do movimento Three-Self (Três Seres), que são autorizadas pelo Partido Comunista Chinês (PCC), e com fortes restrições, permaneçam.

De acordo com a International Christian Concern (ICC), a nova campanha contra as igrejas cristãs na China é chamada de Return to Zero (Retorno a zero). “O objetivo é desmantelar a escala [de igrejas], dissolver a organização e eliminar o cristianismo” da esfera pública, disse a instituição de defesa cristã.

Igrejas dentro da China são obrigadas a se registrar no governo e se tornar parte do movimento Three-Self. Pastores dentro do movimento precisam submeter seus sermões a oficiais do governo para aprovação. Mesmo em igrejas autorizadas, as crianças são proibidas pelo governo de participar.

As restrições e a censura impostas pelo PCC levaram milhões de cristãos chineses a se unirem a igrejas domésticas ilegais e não registradas.

No plano Return to Zero, as igrejas domésticas devem se unir ao controlado movimento Three-Self ou se separar.

Autorização ou fechamento

Em abril, a Igreja Zaidao, em Pequim, foi visitada por oficiais do governo e solicitada a adesão ao movimento Three-Self, informou o ICC. A congregação faz parte da China Gospel Fellowship, uma rede de igrejas domésticas.

Recentemente, a China fechou a Igreja Shouwang, de 1.000 membros, uma congregação de casas.

“Até agora, as igrejas em todo o país tem sido oprimidas com diferentes táticas pelo governo local, com o objetivo de forçá-las a se juntarem à Three-Self ou parar suas atividades”, disse um estudioso cristão não identificado ao ICC.

“Aqueles que recusarem serão banidos ou terão que fechar suas igrejas. Para as grandes redes de igrejas domésticas, a atitude do governo é atacá-las e destruí-las com firmeza”, explicou a fonte.

Ameaças

O censo publicado pelo regime comunista em 2018 afirma que existem quase 40 milhões de cristãos na China. Dada a natureza discreta das igrejas subterrâneas, alguns especialistas acreditam que o número real de cristãos fica entre 80 milhões e 100 milhões.

Este número é considerado ameaçador ao Estado. Quase supera os 89 milhões de membros do Partido Comunista Chinês. Por isso, um confronto de ideologia está prestes a acontecer - o seu partido é o seu Deus contra um Deus amoroso e justo, o sino-centrismo versus “influência estrangeira má” e o socialismo versus princípios universais.

Além disso, o PCC não pode se dar ao luxo de ver seu regime ameaçado por qualquer massa de pessoas que se sinta incapaz de controlar, mesmo que esta não tenha a intenção de derrubar o partido. Cristãos inevitavelmente se tornam espinhos em seus olhos, diz o ICC.

Desde que o presidente Xi Jinping chegou ao poder em 2013, ele alvejou deliberadamente cristãos da igreja clandestina, oprimindo-os com assédio, ameaças, prisão e tortura, enquanto tentava garantir que as igrejas sancionadas pelo Estado permanecessem fiéis.

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