Muita gente está torcendo para o Brasil não ser desclassificado nesta Copa. Quem?
1. Milhões de brasileiros.
Pessoas que não conseguem reter a paixão pelo futebol, e sentem-se orgulhosas de verem seu país se sair bem naquilo que sempre fez de melhor.
2. Empresários e comerciantes.
Aqueles que faturam, das mais diversas formas, com cada passo que o Brasil dá rumo à decisão.
3. Políticos.
Que temem a desclassificação avultar a percepção de que a Copa foi um péssimo negócio para o país.
4. Fifa
Que receia que as coisas desandem nas ruas caso a seleção saia da Copa, e o foco dos protestos passe a ser ela, com toda a ganância que revelou em faturar muito e dividir pouco.
5. Jogadores e comissão técnica da seleção
Certamente há a mistura de sentimentos variados, presentes no exercício de outras profissões, uma vez que a vitória representa a oportunidade de se perpetuarem na história, fecharem bons contratos e darem alegria ao povo.
Estamos falando, portanto, de diferentes níveis de alegria caso o Brasil avance e ganhe a Copa. A alegria dos que celebrarão a vitória da seleção do seu país, a alegria dos que ficarão mais ricos, a alegria dos que se tornarão mais famosos, a alegria dos que obterão lucro político. Há daqueles que, mesmo com a vitória da seleção brasileira, continuarão morando nos seus barracos. Há daqueles que, caso o Brasil vença, construirão mansões.
Precisamos respeitar os sentimentos dos milhões que torcem. Ninguém tem o direito de se sentir moral e intelectualmente superior ao que torce pela vitória do Brasil na Copa.
É nosso dever, contudo, não permitir que a vitória nos deixe cegos para as lições que essa Copa quer nos ensinar. Houve injustiça e exploração. A consciência social de milhões de brasileiros foi ferida.
É também nossa obrigação agir com serenidade e lutarmos pela preservação da paz social caso o Brasil perca a Copa, não permitindo que a frustração nos deixe cegos para a possibilidade de obtermos como nação uma vitória muito maior do que a conquista da Copa do Mundo.
As eleições se aproximam, e com elas a possibilidade de banirmos da vida pública quem governa sem amor pelo torcedor brasileiro.
- Antônio C. Costa