Enquanto o país encontra-se absorto na Copa do Mundo, a terra continua a receber o sangue dos que todos os dias morrem no Rio de Janeiro.
1. Comunidade Novo México
Estivemos hoje na comunidade Novo México, em São Gonçalo. Vimos adolescentes chorando, moradores em pânico e gente pobre angustiada. Na última semana, quatro pessoas foram baleadas e três morreram. Nesta madrugada, dois adolescentes foram mortos em operação policial, o que levou moradores a parar o trânsito e incendiar ônibus que passavam pelo local.
2. Policias continuam a morrer.
A Polícia Militar está passando por um dos períodos mais dramáticos de sua história. Policiais, que trabalham em condições desumanas, tombam quase toda semana.
3. Crianças morrendo em tiroteio.
Luís Felipe Rangel Bento. 3 anos. Morreu na manhã do dia 25 de junho, no Morro da Quitanda, em Costa Barros, na Zona Norte, vítima de uma bala perdida, enquanto dormia, numa troca de tiro entre traficantes e policias.
Lucas Farias Canuto. 13 anos. Estava na localidade conhecida como Reta dos Barracos, no Caratê, na Cidade de Deus, quando foi atingido no peito, por volta das 14h do dia 15 de junho. No momento, ocorria uma troca de tiros entre traficantes e policiais da UPP.
4. Mais de 45 mil mortes violentas.
Acabamos de saber, por meio dos números apresentados pelo Instituto de Segurança Pública, que no mês de maio passado o Estado do Rio de Janeiro passou da marca de 45 mil mortes violentas entre 2007 e maio de 2014. Veja os números do absurdo:
Homicídio Doloso - 37. 758
Lesão Corporal Seguida de Morte - 299
Latrocínio (Roubo Seguido de Morte) - 1. 219
Homicídio Decorrente de Intervenção Policial - 5. 869
Policiais Militares Mortos em Serviço - 128
Policiais Civis Mortos em Serviço - 35
TOTAL: 45. 308
Desaparecidos - 40. 736
Tentativa de Homicídio - 33. 329
5. Fora o que não sabemos.
Cerca de 500 pessoas morrem todo mês no Estado do Rio de Janeiro. Esse é também o número mensal de desaparecidos, cujos nomes são registrados em delegacia. Não há dúvida de que tem gente morta nessa estatística, sem mencionar o fato de que há pessoas que desapareceram cujos nomes não foram registrados em delegacia.
Hoje, na favela Novo México, ouvi um adolescente de 15 anos dizer em tom de lamento e revolta: "Esse é o país da Copa".
- Antônio C. Costa
Fotos batidas por mim, na Favela Novo México
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