A lista que reúne os 50 países que mais perseguem cristãos no mundo foi divulgada nesta quarta-feira (16) pela organização Portas Abertas. A relação é atualizada anualmente com base em pesquisas de campo, considerando os níveis de perseguição religiosa registrados no ano anterior.
De acordo com a Portas Abertas, mais de 245 milhões de cristãos experimentam os níveis mais altos de perseguição por sua fé. A onda de hostilidade ao cristianismo é marcada por três tendências: autoritarismo estatal; governos e sociedades ultranacionalistas e propagação do Islã radical.
É possível dizer que a perseguição aos cristãos está aumentando? Os dados coletados pela Portas Abertas confirmam que sim.
De acordo com a pesquisa, 4.305 cristãos foram mortos em todo o mundo em 2018. O número é o maior desde 2015, quando 7.106 mortes foram registradas pela Lista Mundial de Perseguição. Desde então, o índice de mortes foi crescente: 1.207 em 2016 e 3.066 em 2017.
Das 4.136 mortes de cristãos por se declararem seguidores do cristianismo dos 50 países da Lista, a Nigéria sozinha representa cerca de 90% (3.731).
Em entrevista exclusiva ao Guiame, Marco Cruz, secretário-geral da Portas Abertas no Brasil, disse que as análises confirmam o crescimento constante da perseguição.
Confira a entrevista abaixo:
“Se compararmos o período de avaliação entre 2014 e 2019, houve um aumento de 16% na pontuação dos países perseguidores. Isso quer dizer que praticamente em todos os países da lista houve um aumento da perseguição”, observou.
“Em 2019, somente em dois países a perseguição diminuiu um pouco, que é o caso do Iraque — com a diminuição do poder do Estado Islâmico e o retorno da população de Mossul — e da Malásia. Nos outros países, de maneira geral, houve um aumento da perseguição. Com base nos dados, posso dizer que a perseguição tem crescido ao longo dos últimos anos”, acrescentou.
Com sua experiência em ambientes de restrição, Marco acredita que a liberdade vivida pelos cristãos no Brasil pode apresentá-los um grande desafio.
“Eu não sei qual é mais difícil: a perseguição, que desafia a sua fé e te faz buscar a Jesus como única oportunidade, ou a liberdade excessiva, que faz com que você perca o foco em Jesus. Você acha que tem muitas opções, então você corre o risco de viver uma fé que não é plena e que não depende totalmente de Cristo. Eu não sei qual é mais desafiador. Talvez a liberdade demais, porque corremos o risco de não sermos cristãos verdadeiros”, comentou Cruz.
Destaques sobre a perseguição
Coreia do Norte
Mesmo com a aproximação da Coreia do Norte com os Estados Unidos, após a cúpula de Donald Trump-Kim Jong Un em junho, especialistas dizem que não há sinais de melhora na vida dos 200.000-400.000 cristãos estimados no país. Acredita-se que 50.000 a 70.000 deles estejam em campos de trabalhos forçados.
Índia
Pela primeira vez, a Índia faz parte dos 10 primeiros países da lista, colocada na décima posição. A ideologia nacionalista hindu do Partido do Povo Indiano (BJP) propaga que o cristianismo é uma religião estrangeira e que, para ser indiano, é preciso ser hindu.
Multidões destroem igrejas e atacam os líderes, matando-os, ferindo-os e, às vezes, estuprando suas esposas e filhos. Se os cristãos se atrevem a denunciar incidentes à polícia, encontram-se falsamente acusados de realizar conversões “forçadas” de hindus, denunciadas com frequência pela mídia de massa da Índia.
Rússia
A Rússia também foi listada pela primeira vez entre os top 50, saindo da 54ª posição em 2018 e indo para a 41ª em 2019. A pequena comunidade cristã não tradicional, que representa 2% da população russa, é considerada pelo governo como espiões ocidentais que roubam membros da Igreja Ortodoxa “estatal”.
Como resultado, as atividades dessas comunidades são constantemente monitoradas por agentes do estado, como o serviço de inteligência do estado, o FSB ou a polícia. Nos últimos anos, o governo desenvolveu leis mais rígidas que regulam a atividade religiosa, especialmente o evangelismo.
Marrocos
Outro país que retorna para a lista é o Marrocos, que sobe de 55 em 2018 para 35 em 2019. O aumento da perseguição no país se dá principalmente pela discriminação social dos cristãos, especialmente os convertidos do islamismo e proibição do evangelismo. O crescimento dos movimentos militantes islâmicos no norte da África também é motivo de preocupação para os cristãos.
A Portas Abertas apoia os cristãos perseguidos através da oração e envio de recursos aos países hostis. Desde o início, a organização atua no contrabando de Bíblias, passando também a realizar o treinamento de pastores e líderes, fornecer ajuda socioeconômica, projetos de microcréditos, assistência jurídica e apoio pós-trauma.
Confira na íntegra a posição de cada país na Lista Mundial da Perseguição 2019:
1. Coreia do Norte
2. Afeganistão
3. Somália
4. Líbia
5. Paquistão
6. Sudão
7. Eritreia
8. Iêmen
9. Irã
10. Índia
11. Síria
12. Nigéria
13. Iraque
14. Maldivas
15. Arábia Saudita
16. Egito
17. Uzbequistão
18. Mianmar
19. Laos
20. Vietnã
21. República Centro-Africana
22. Argélia
23. Turcomenistão
24. Mali
25. Mauritânia
26. Turquia
27. China
28. Etiópia
29. Tajiquistão
30. Indonésia
31. Jordânia
32. Nepal
33. Butão
34. Cazaquistão
35. Marrocos
36. Brunei
37. Tunísia
38. Catar
39. México
40. Quênia
41. Rússia
42. Malásia
43. Kuwait
44. Omã
45. Emirados Árabes Unidos
46. Sri Lanka
47. Colômbia
48. Bangladesh
49. Territórios palestinos
50. Azerbaijão