Autoridades do Paquistão deram início a uma investigação para identificar e prender os responsáveis pelo linchamento de um turista local, acusado de blasfêmia.
O incidente ocorreu após uma multidão invadir uma delegacia de polícia onde a vítima estava sob custódia e proteção das autoridades. As informações foram divulgadas por autoridades na sexta-feira (21).
Na noite de quinta-feira, uma multidão espancou o homem até a morte, acusando-o de queimar páginas do Alcorão. A turba também incendiou a delegacia de polícia no noroeste do país, ferindo oito policiais.
A informação foi confirmada por Mohammad Ali Gandapur, chefe de polícia regional da divisão de Malankand, em entrevista à Reuters.
"Depois de resgatar inicialmente o homem de uma multidão, a polícia o levou para a delegacia em Madyan, mas os anúncios nos alto-falantes da mesquita pediram que os moradores locais saíssem", declarou Gandapur, após a multidão invadir a delegacia.
Os linchamentos são comuns no Paquistão, uma república islâmica onde a blasfêmia é um crime punível com a pena de morte.
Impunidade
Os processos legais no Paquistão são frequentemente precedidos por ações de justiceiros, motivadas por rumores ou acusações. Em um relatório divulgado em dezembro, a Comissão dos EUA para a Liberdade Religiosa Internacional afirmou que, em muitos casos, os responsáveis por esses atos agem com impunidade.
Vídeos explícitos do incidente, verificados pela polícia e pela agência de notícias Reuters, mostraram uma multidão frenética arrastando um corpo nu e ensanguentado pelas ruas antes de incendiá-lo. As filmagens viralizaram nas redes sociais, gerando indignação entre os usuários paquistaneses.
Gandapur afirmou que a situação está sob controle e que um caso foi registrado contra os organizadores da multidão. Ele acrescentou que o homem estava visitando o Vale do Swat, um popular destino turístico, para o feriado muçulmano de Eid-al-Adha.
No mês passado, no leste do Paquistão, um homem cristão de setenta anos também foi agredido por uma multidão sob a acusação de queimar páginas do Alcorão. O idoso morreu devido aos ferimentos.
Em 2021, um gerente de fábrica do Sri Lanka foi linchado em um dos incidentes grande repercussão no país. Seis pessoas foram condenadas à morte por sua participação no linchamento, após o caso gerar protestos globais.