Um novo relatório da Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), divulgado nesta quarta-feira (22), revelou a extensão chocante das atrocidades cometidas contra mulheres e meninas cristãs. As seguidoras de Jesus tem sofrido sequestros, conversões e casamentos forçados e estupro em partes do mundo.
A organização católica, que ajuda cristãos perseguidos, considerou a escala e a gravidade das violações contra as cristãs como "uma catástrofe dos direitos humanos".
“Em sua forma mais extrema, a conversão forçada de mulheres e meninas cristãs pode ser chamada de genocídio, com os jihadistas mirando-as com a intenção de garantir a destruição das comunidades religiosas minoritárias”, afirmou o relatório “Hear Her Cries” (“Ouça o grito delas”, em português).
A perseguição contra as crentes prevalece principalmente na Nigéria, onde a AIS estima que 95% das mulheres e meninas sequestradas por extremistas islâmicos são cristãs. O Paquistão e o Egito são outros países citados no relatório em que as violações são constantes.
A Ajuda à Igreja que Sofre alerta ainda que a dimensão total do problema permanece oculta porque grande parte das vítimas não denunciam as violações sofridas por medo de retaliação social ou ameaça dos sequestradores. E em alguns casos, as autoridades também ajudavam a acobertar os criminosos.
O pedido de socorro de uma sobrevivente
O prefácio do relatório foi escrito por Maira Shahbaz, uma adolescente cristã do Paquistão que foi sequestrada por um muçulmano, forçada a se casar com ele e a se converter ao islamismo.
A menina sofreu abusos sexuais por diversas vezes até conseguir escapar. Hoje, ela e sua família vivem escondidos, sob ameaça de morte do sequestrador e seus apoiadores. A família cristã agora está pedindo asilo para o Reino Unido.
"Minha família inteira, minha mãe, minhas irmãs, meu irmão e eu, estamos escondidos, trancados em um quarto. Suspeitos foram vistos em diferentes áreas perguntando sobre nós", contou Maira.
No documento, a adolescente suplicou que os cristãos se levantem em defesa das meninas e mulheres perseguidas. “Eu sei que há muitas outras meninas e mulheres jovens, não apenas cristãs, mas também de outras religiões, que sofrem sequestros, estupros, conversões forçadas e casamento, não apenas no Paquistão, mas em muitos outros países ao redor do mundo. Quem nos ajudará? Quem vai falar por nós? Quem se importa com a nossa situação?”, disse.
Em nome das cristãs perseguidas, Maira Shahbaz pediu que o grito de socorro das que sofrem seja escutado.
“Por muito tempo, o mundo permaneceu em silêncio. Por muito tempo, nós sofremos em silêncio, a liberdade e a fé foram esmagadas sob os pés. Meninas e mulheres jovens não estão sendo tratadas melhor do que criminosos. Mas, finalmente, podemos falar. Não é hora de o mundo 'ouvir seus gritos'?".