Por serem considerados "degradantes para o ser humano”, os jogos de azar foram proibidos no Brasil há mais de 70 anos, na era do governo Dutra.
Agora, a Câmara dos Deputados está prestes a votar sobre o Projeto de Lei 442/1991, que busca legalizar os jogos de azar no País. A votação está prevista ainda em fevereiro.
Caso o PL seja aprovado, será regulamentada a prática de jogo do bicho, cassino, bingo, vídeo-bingo, jogos online e apostas.
Enquanto os defensores dos jogos de azar argumentam o estímulo ao turismo e economia, o que a Bíblia diz sobre a prática?
“A Bíblia diz, em 1Coríntios 6, ‘não me deixarei dominar por coisa alguma’. Portanto fica claro que, o cristão que se deixa dominar pela ilusão de dinheiro fácil dos jogos já está cometendo um grave erro”, destaca o pastor Roberto de Lucena, em entrevista ao Guiame.
Questionado de que forma a Igreja pode ensinar a sociedade sobre os riscos dos jogos de azar, Lucena afirma que, do ponto de vista cristão, o melhor ensinamento é o exemplo.
Ele lembra que os cristãos não devem apostar em promessas de ganho fácil, sem o esforço do trabalho e a confiança na provisão de Deus.
“Toda promessa de ganho sem esforço é enganação, e engana principalmente aquelas pessoas que menos têm recursos financeiros. As loterias, os cassinos, a indústria dos jogos, é milionária em função do dinheiro de pessoas pobres. E não há sorte nisso. Há azar, tristeza, depressão, tragédias e morte, por todos os lados”, enfatiza.
Danos e prejuízos
Roberto de Lucena, que também é deputado federal (Pode/SP) e um dos grandes defensores da família e da pessoa idosa, explica que a possível arrecadação financeira com a prática não justifica os custos sociais.
Segundo o parlamentar, muitos dos apostadores se tornam vítimas de ludopatia, ou seja, o vício em jogos de azar, que pode levar à depressão e até mesmo à morte.
Roberto de Lucena durante ministração. (Foto: Facebook/Roberto de Lucena)
“Quantas famílias são destruídas por esse vício, quantas pessoas já perderam tudo o que tinham, e perderam a vida para a depressão, após se perceberem sem suas economias?”, questiona.
O parlamentar lembra ainda que os lucros da atividade econômica serão privados, mas os gastos com prevenção e tratamento serão pagos pelo governo, e portanto arcados por toda a sociedade, por meio dos impostos.
“É por isso que o PL está há mais de 30 anos nas gavetas do Congresso. Porque o povo não aceita essa legalização”, diz Lucena sobre a resistência da sociedade em relação à proposta.
Lavagem de dinheiro
Outro risco trazido por Roberto de Lucena se refere ao uso de apostas como mecanismo de lavagem de dinheiro, caixa dois e até mesmo crime organizado.
O parlamentar reconhece que a legalização dos jogos pode aumentar a fiscalização sobre os recursos movimentados no segmento, mas lembra que o Brasil hoje não dispõe de instrumentos e nem de quadros de pessoal suficientes nas polícias e na Receita Federal, para controlar o crescimento da atividade.
“Claro, nós da bancada evangélica temos um forte papel ao barrar a tramitação durante tantos anos, e considero que se juntarmos as forças de todos aqueles que defendem a família, os direitos humanos, os idosos, a saúde pública, tenhamos apoio suficiente para derrubarmos a proposta no Congresso. Mas defendo que os cidadãos possam se manifestar sobre o tema, em paralelo às eleições gerais de outubro, na forma de uma consulta popular”, afirma.