A principal organização ateísta dos Estados Unidos está pressionando a Universidade do Mississippi para proibir que seu principal treinador de futebol americano, Hugh Freeze use sua conta pessoal no Twitter para para falar sobre sua fé cristã e compartilhar suas reflexões a respeito de seu relacionamento com Deus.
A Fundação 'Freedom From Religion' (FFRF), com sede em Wisconsin (EUA), enviou uma carta ao chanceler da Universidade, Jeffrey Vitter, na semana passada, pedindo que ele tomasse medidas para garantir que Freeze e sua equipe técnica não irão suas contas pessoais na mídia social para falar sobre temas relacionados à fé.
O advogado da 'FFRF', Sam Grover argumentou na carta que é uma violação da cláusula de estabelecimento da Primeira Emenda à Constituição dos Estados Unidos para uma entidade pública para promover a religião.
Grover disse que como Freeze é o treinador principal do time de futebol americano de uma universidade pública, não pode usar seu perfil @CoachHughFreeze no Twitter para promover sua fé ou religião.
Freeze geralmente usa sua conta no Twitter para promover o cristianismo. Mais recentemente, no domingo, o treinador usou seu perfil para convidar a todos assistirem ao culto da igreja 'Pinelake', em Oxford, no Mississippi.
"Espero que vocês tenham a chance de adorar a Deus hoje com outras pessoas. Se estiverem procurando um lugar perto de Oxford, junte-se a nós na @PinelakeOXF, às 9:15 ou 11:00", escreveu Freeze no Twitter.
No sábado, Freeze compartilhou um tweet do treinador assistente, Maurice Harris, que citou 1 João 1:8 e Romanos 3:21 para argumentar que "pessoas perfeitas não são reais, e as pessoas reais não são perfeitas".
No domingo passado, Freeze postou um tweet que diz: "A vida é preciosa e curta. O dia de hoje é um presente de Deus, que nunca muda".
Embora Freeze tenha o direito - como qualquer cidadão - de escrever o que quiser nas mídias sociais, Grover argumentou na carta que o treinador "não pode promover suas crenças religiosas pessoais, enquanto estiver atuando como um funcionário universitário".
Grover também expressou preocupação com tweets publicados por Harris, que também são muitas vezes de cunho cristão. Grover notou que os tweets de Freeze e Harris também são publicados no site de atletismo da escola.
"Como uma instituição estatal, a Universidade do Mississippi está vinculada pela cláusula de estabelecimento da Constituição, que impõe a neutralidade do governo com relação a religiões", escreveu Grover, citando a decisão da Suprema Corte 'Epperson v. Arkansas', promulgada em 1968. "A Universidade do Mississipi viola o mandato constitucional, quando promove declarações religiosas ou permite que seus funcionários promovam suas crenças religiosas pessoais, enquanto forem atuantes em suas funções oficiais".
"A 'FFRF' pede à Universidade do Mississippi que tome medidas imediatas para garantir que o treinador Freeze, o treinador Harris e o resto do departamento atlético da instituição tenham consciência de que não podem promover a religião enquanto atuam como funcionários universitários", acrescentou o documento.
O 'Christian Post' procurou à Universidade do Mississippi para obter sua resposta oficial à carta da 'FFRF'. No entanto, nenhum comentário foi recebido até a publicação da matéria.
O Instituto 'First Liberty', um escritório de advocacia com sede no Texas, dedicado à defesa da liberdade religiosa, emitiu uma resposta à carta da 'FFRF', afirmando que o grupo cometeu um equívoc na interpretação da lei.
"Os treinadores de futebol não perdem os direitos da Primeira Emenda simplesmente porque trabalham para uma universidade pública", disse Jeremy Dys, consultor sênior do 'First Liberty', em comunicado.
"A Primeira Emenda protege o direito dos americanos - como treinador Freeze - de se envolverem em expressões religiosa em suas contas pessoais no Twitter e nossas universidades devem ser lugares onde a tolerância, a inclusão e a diversidade são promovidos. A 'FFRF' tem recorrido ao intolerante bullying na tentativa de silenciar e censurar o treinador Freeze. No Instituto 'First Liberty', defendemos a liberdade religiosa para todos os americanos. Incentivamos a Universidade do Mississippi a ignorar a carta da FFRF", finalizou.