Os ataques violentos e os sequestros continuam acontecendo no estado de Kaduna, na Nigéria. Ao que tudo indica, sequestrar crianças em idade escolar se tornou um negócio lucrativo para ladrões armados e milícias.
O aumento alarmante dessas ações forçou 13 escolas, a maioria instituições cristãs, em Kaduna, a fecharem as portas. Essa foi a solução encontrada para diminuir a violência.
A decisão das autoridades nigerianas foi tomada depois que mais de cem alunos do Colégio Betel Batista foram sequestrados, na semana passada, dia 5 de julho. Até agora, somente três vítimas de sequestro foram resgatadas durante uma missão de patrulha, conforme o Daily Post. Um dos resgatados era do Colégio Betel Batista.
Sobre o fechamento das escolas
O diretor da organização disse que a decisão de fechar as escolas foi tomada durante uma reunião com a Associação Nacional de Proprietários de Escolas Privadas (NAPPS) e outras partes interessadas.
“Recentemente, um grupo de homens armados invadiu uma escola na cidade de Damishi, atirando enquanto sequestravam dezenas de alunos”, disse a polícia. Foi o quarto sequestro de estudantes no estado de Kaduna nos últimos seis meses.
Durante o ano de 2021, já ocorreram sete sequestros em massa de estudantes na Nigéria, até o momento. “Nossos pensamentos e orações estão com o povo do estado de Kaduna, que continua a suportar o impacto de uma falha crítica de segurança”, disse o CEO da CSW (Christian Solidarity Worldwide), Scot Bower .
Segundo Bower, o fechamento e a retirada de crianças de instalações educacionais é uma medida desesperada, “dando a impressão infeliz de uma incapacidade de lidar com a situação que permitiu uma espiral inexorável”, afirmou.
Crianças prejudicadas
“Essa decisão, provavelmente, prejudicará a educação e as perspectivas futuras dos alunos em questão, enquanto apenas oferece uma solução de curto prazo para um fenômeno que faz parte de uma crise em todo o estado”, alertou o CEO.
Ele aponta também que as pessoas não estão mais seguras nem mesmo em hospitais, muito menos em suas próprias casas.
A International Christian Concern, um órgão de vigilância da perseguição, relata que esses sequestros em grande escala estão se tornando lucrativos e que o governador do estado de Kaduna, El Rufai, já denunciou que o dinheiro arrecadado em resgates está sendo usado para financiar o Boko Haram e sua agenda extremista.
O Fundo de Emergência das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estima que mais de 13 milhões de crianças estão atualmente fora da escola em toda a Nigéria.
“A situação está provavelmente em seu ponto de maior crise no momento", disse Peter Hawkins, representante do UNICEF na Nigéria.
Medidas de segurança
O comissário de educação do estado de Kaduna, Shehu Usman Muhammad, disse que está trabalhando para manter as escolas operacionais, aumentando as medidas de segurança em algumas escolas e transferindo outras.
“Cada vez que há um sequestro, isso também cria um impacto negativo nas crianças em outras partes do estado”, disse Muhammad à Reuters.
Os sequestros de escolas na Nigéria aumentaram significativamente desde 2014, quando membros do Boko Haram sequestraram 276 estudantes mulheres de uma escola pública em Chibok, no nordeste do estado de Borno.