Enquanto a maioria dos combatentes estrangeiros da organização terrorista Estado Islâmico vêm de origens muçulmanas, um especialista em terrorismo, disse nesta terça-feira que também há recrutas jihadistas vindos de famílias cristãs e estes estão entre os combatentes mais ferozes que o grupo militante tem para oferecer.
Durante uma reunião realizada pelo comitê antiterrorista do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que incidiu sobre os combatentes terroristas estrangeiros, Scott Atran, o co-fundador do Centro da Universidade de Oxford para a resolução de Conflitos, explicou que o Estado Islâmico tem um "atrativo revolucionário", que é capaz de atrair mais do que apenas os muçulmanos radicalizados.
Embora muito tenha sido feito sobre contra o Estado Islâmico (também conhecido como ISIS ou ISIL), para travar o processo de recrutamento on-line, Atran disse que o recrutamento acaba tendo sucesso "através do convencimento de amigos e familiares".
Avaliações de inteligência feita pelos Estados Unidos em setembro indicam que o EI recrutou mais de 30 mil estrangeiros para viajar à Síria e ao Iraque no ano passado, segundo afirmou Atran. O especialista também acrescentou que cerca de 75% desses combatentes estrangeiros 'foram recrutados por amigos'.
Embora muitos acreditem que mesquitas radicalizadas em todo o Ocidente tenham alguma responsabilidade pela radicalização de combatentes estrangeiros e sua entrada para o Estado Islâmico, o antropólogo nascido em Nova York afirmou que "a radicalização raramente ocorre em mesquitas".
"É a chamada para a glória e aventura que move esses jovens a aderir ao Estado Islâmico", disse o especialista, segundo a agência The Associated Press. "A Jihad oferece-lhes uma maneira de se tornarem heróis".
Atran, que entrevistou combatentes do EI e da Al-Qaeda, afirmou que o Estado Islãmico tem um "atrativo revolucionário" semelhante aos que ocorreram durante a Revolução Francesa e a ascensão da Alemanha nazista.
Atran acrescentou que uma parte de recrutas estrangeiros são até mesmo 'convertidos do cristianismo' ou indivíduos de famílias cristãs que foram atraídos para aderir à causa.
"Eles são considerados os mais ferozes de todos os lutadores que encontramos", disse Atran sobre os militantes nascidos em famílias cristãs.
Ele acrescentou que uma das maiores 'vantagens' deste recrutamento, que acaba beneficiando o Estado Islâmico, é que estes jovens reconhecem os líderes do EI como pessoas que "entendem a juventude muito melhor do que os governos que estão lutando contra a organização terrorista".
As mídias sociais também estão sendo fortemente usadas para alcançar novos militantes, com idade entre 15 e 24 anos.
"O Estado islâmico representa a ponta de lança do movimento revolucionário contra-cultural mais dinâmico desde a Segunda Guerra Mundial com o maior força de combate voluntário desde então", Atran sustentou.
Considerando que o EI tem milhares de jihadistas estrangeiros de nações ocidentais, Atran disse que o planejamento de ações do grupo terrorista 'é usar os recrutas ocidentais para atacar alvos mais vulneráveis, como cafés, teatros e estádios no Ocidente, assim como o grupo fez no início de novembro, quando matou cerca de 130 pessoas nos ataques em Paris'.
"Não há nenhuma mudança no jogo do Estado Islâmico", disse ele. "Este tem sido o plano e continuará sendo assim".