Joseph Hovsepian é filho de um pastor iraniano, Haik Hovsepian, que foi sequestrado e assassinado em 1994. Ele foi um dos poucos cristãos que continuou evangelizando no Irã depois da Revolução Islâmica e sua morte foi o que moveu os olhos do mundo inteiro para a perseguição religiosa no país.
Com base em sua própria dor e indignação por perder o pai por conta da violência do governo — que tem sua Constituição baseada na sharia (conjunto de leis islâmicas) — o cineasta que agora vive nos EUA, produziu um filme que mostra a realidade das minorias em seu país.
Conforme a Portas Abertas que publicou sua história, Joseph conta que o pai sempre defendeu a liberdade e a proteção dos direitos humanos e ele deseja continuar esse legado através da “sétima arte” que é o cinema.
Sobre o filme ‘Nós venceremos’
O curta-metragem “We Will Win” (Nós venceremos) foi uma resposta à repressão violenta do governo iraniano aos protestos que estouraram depois da morte da jovem Mahsa, detida por policiais por não usar corretamente o hijab, em setembro de 2022.
O curta foi lançado em dezembro de 2022, pouco depois das execuções públicas no Irã, e conta a história de uma menina que vê o enforcamento de um homem pela janela de casa. Ela questiona o pai para saber o que estava acontecendo, mas ele procura protegê-la com uma história.
O pai disse que aquilo fazia parte de um jogo que consiste em amarrar a corda no pescoço de algumas pessoas e dizer o nome delas. A menina simula o jogo com o pai, que diz o nome de manifestantes que foram assassinados ou executados no Irã.
O pai concluiu a conversa dizendo: “No final, nós venceremos esse jogo e não ficaremos decepcionados por causa do alto preço que estamos pagando. Venceremos com coragem e perseverança”.
‘O povo quer liberdade’
Em 2023, Joseph completa 49 anos, a idade que o pai tinha quando foi assassinado. Em homenagem a ele, o cineasta escreveu uma carta.
“A revolução que está acontecendo no Irã mostra que o povo está começando a entender o valor da liberdade — liberdade de crença — pela qual você lutou durante tantos anos. Mais do que nunca, entendo seu amor por Deus e pelas pessoas, independentemente de cor, etnia, língua ou crença”, diz um trecho da carta.
O Irã ocupa o 8º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2023, sendo um dos piores países do mundo para quem se decide pelo cristianismo. Debaixo da paranoia ditatorial e da opressão islâmica, os cristãos iranianos são obrigados a frequentar igrejas clandestinas.