Houve protestos em pelo menos 46 cidades no Irã, depois que Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos, morreu enquanto estava detida pela polícia que monitora se os costumes islâmicos estão sendo seguidos no país.
Entre as exigências religiosas, está o uso do hijab — véu islâmico. A prisão de Amini aconteceu porque ela estava “usando seu hijab meio frouxo”. Isso faz parte de uma longa linha de repressão por Teerã. Ela foi presa no dia 13 de setembro, enquanto estava de férias com a família, na capital do país.
O Irã exige que as mulheres usem o véu de uma forma que cubra completamente os cabelos quando estão em público. Apenas o Afeganistão, agora sob o domínio do Talibã, aplica ativamente uma lei semelhante. Até mesmo a ultraconservadora Arábia Saudita diminuiu a pressão sobre como as mulheres se vestem nos últimos anos.
Os parentes relatam que a polícia espancou Amini na prisão, junto com dezenas de outras mulheres. Muito machucada, ela foi levada para um hospital, mas como havia graves lesões cerebrais, ela ficou em coma e acabou morrendo em alguns dias.
Mulheres queimam véus como forma de protesto
O povo foi às ruas, principalmente as mulheres. Muitas delas estão arrancando seus véus e girando no ar e outras estão queimando-os em fogueiras como forma de protestar pela morte de uma mulher inocente.
Vários vídeos foram publicados em redes sociais mostrando as cenas. Algumas mulheres chegam a cortar os cabelos, conforme relata o G1.
A polícia nega que Amini tenha sido maltratada e diz que ela morreu de ataque cardíaco. A família nega que a jovem tinha histórico de problemas cardíacos. O presidente Ebrahim Raisi prometeu uma investigação.
Os familiares foram impedidos de ver o corpo da jovem antes de ser enterrado. As manifestações eclodiram após seu funeral na cidade curda de Saqez, e rapidamente se espalharam para outras partes do país, incluindo Teerã.
O irmão de Amini, no entanto, conforme relata o Iran Wire, que estava com ela quando a polícia a agarrou e a levou à força, disse que conseguiu entrar no quarto onde Amini estava.
“O rosto dela estava inchado e suas pernas machucadas. Não tenho nada a perder agora. Não vou permitir que isso termine em silêncio. Vou contar a todos no Irã o que aconteceu”, disse Kiarash.
Mahsa Amini no hospital. (Foto: Reprodução/Twitter Jornalista Negar Mortazavi)
Mortes durante os protestos
Durante os protestos, centenas de manifestantes foram presos, entre eles ativistas reformistas e jornalistas. No último sábado (24), ainda conforme o G1, pelo menos 41 pessoas foram mortas, de acordo com os dados oficiais.
O grupo Iran Human Rights estimou o número de mortos em 54, excluindo funcionários da segurança, e afirmou que, em muitos casos, as autoridades condicionaram a devolução dos corpos dos mortos às suas famílias a concordarem com enterros secretos.
A ONG, com sede em Oslo, indicou que a maioria das mortes ocorreu nas províncias de Guilan e Mazandaran. A ONG, com sede em Londres, afirmou que provas colhidas em 20 cidades do Irã apontam para “um padrão terrível das forças de segurança iranianas, que atiram deliberada e ilegalmente com munição real contra os manifestantes”.
Na Europa, centenas de pessoas se manifestaram em Paris, Atenas, Madri e outras cidades para denunciar as ações das autoridades iranianas contra os protestos.
O principal partido reformista do Irã pediu ao Estado que ponha fim à obrigação de as mulheres usarem véu em público. O uso do lenço islâmico foi o que levou à prisão da jovem Amini.
Imposição de regras absurdas
O regime iraniano impõe suas visões religiosas a todos, o que viola as normas internacionais sobre liberdade de expressão, direitos das mulheres e liberdade de religião ou crença.
Nota-se o claro objetivo por parte das autoridades iranianas em criar uma “pureza demográfica muçulmana”. A forma como os extremistas islâmicos tratam os cristãos é uma prova disso.
Até mesmo os muçulmanos convertidos ao cristianismo são submetidos às regras islâmicas, sob o risco de serem presos, torturados e até mortos. Há notícias de cristãos sequestrados e muitos que tiveram seus bens confiscados por motivos religiosos.
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