Depois de um ano no poder, o Talibã reprimiu duramente todas as formas de religião que não estão de acordo com sua “interpretação extrema do Islã”, apontou o relatório da Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos EUA, na última terça-feira (23).
A organização fundamentalista restabeleceu o “Ministério para Propagação da Virtude e Prevenção do Vício” e passou a impor rigorosamente o que eles consideram como “vestimenta e comportamento islamicamente apropriados”.
Anteriormente, o ministério se chamava “Comitê para a Propagação da Virtude e Eliminação do Pecado” e foi criado para a aplicação da sharia (conjunto de leis islâmicas) dentro da nação.
Seus membros e voluntários patrulham as ruas aplicando os códigos de vestimenta locais, separando homens de mulheres e impondo certos comportamentos tidos como obrigatórios pela religião do Estado.
Situação das minorias étnicas
O Talibã, no início, disse publicamente que estava comprometido com a mudança no estilo de governo e com a inclusão das pessoas. Um ano depois, porém, a organização mostrou que “continua governando de maneira semelhante à forma como governou o país entre 1996 a 2001”, disse a comissão dos EUA.
Pregando uma versão radical do islamismo sunita, os militantes do Talibã já mataram dezenas de muçulmanos xiitas, no ano passado, conforme notícias do Fox News.
O povo hazara — uma minoria étnica que pratica o islamismo xiita — chegou a ser deslocado aos milhares quando o Talibã os forçou a deixar suas casas.
“Um dos maiores violadores da liberdade religiosa do mundo”
O Talibã também falhou em proteger as minorias dos ataques do ISIS-K, disse o relatório. O Isis-K — sigla em inglês para Estado Islâmico da Província de Khorasan — é um braço regional do Estado Islâmico que atua no Afeganistão e no Paquistão.
Entre as minorias estão os cristãos que já viviam sob estreita liberdade religiosa, que se deteriorou com a chegada do Talibã ao poder. A Portas Abertas descreve o Afeganistão como “um dos maiores violadores da liberdade religiosa do mundo”.
Por lá, os cristãos estão enfrentando assédios, detenções e até mesmo a morte por causa da fé. E os cristãos de origem muçulmana têm sido forçados a praticar a fé escondidos por causa do medo da repressão e das ameaças do Talibã.