A Malásia está experimentando uma terrível onda de sequestros e desaparecimentos de líderes cristãos. Tudo começou em fevereiro com o rapto do pastor Raymond Koh, em uma rodovia em Kuala Lumpur. Um grupo cercou seu veículo, e homens mascarados o levaram com uma precisão quase militar. Agora, os desaparecimentos continuam a confundir as autoridades.
"A operação estava bem planejada, eles sabiam quem ele era, para onde ele estava indo e provavelmente ele foi rastreado", disse Jonathan, filho de Koh, à BBC. "Foi muito profissionalmente executado". Qual seria o motivo? A família de Koh não tem respostas e não teve mais notícias dele e nem de seus sequestradores, isso há dois meses.
"Ele é um ho mem apaixonado, ama as pessoas, ama a Deus", diz o filho sobre Koh. A organização do ministério do pastor estava ativamente envolvida na evangelização de comunidades muçulmanas. Ele foi investigado pelo governo para tentar fazer as pessoas se converterem ao cristianismo. Isso é chamado de "apostasia" na Malásia, e é uma ofensa grave.
"Ele nunca pediria a ninguém para deixar o Islã", diz seu filho, Jonathan Koh. "Seu proselitismo alegado não é uma desculpa para sequestro. Se ele fez algo de errado, ele deveria ter o direito de julgamento, como qualquer cidadão".
Outros desaparecimentos incluem o ativista social Peter Chong, o pastor Joshua e sua esposa Ruth Hilmy, e até mesmo a ativista social Amri Che Mat.
Especulação
O desaparecimento desses líderes cristãos “está promovendo uma forte percepção pública e especulação de sequestros”, diz o Malásia Bar, usando um termo que geralmente se refere a apreensões apoiadas pelo Estado. "É chocante e revoltante que um número crescente de cristãos possa inexplicavelmente desaparecer e não ser encontrado por dias, semanas e meses", ressalta.
O desaparecimento de Koh, em particular, enviou um "sinal preocupante" aos cristãos, diz Hermen Shastri, secretário-geral do Conselho de Igrejas da Malásia. "É uma pergunta em nossas mentes, e algumas igrejas estão preocupadas que possa ser uma tendência, onde os envolvidos em atividades relacionadas com os pobres são alvo de grupos de vigilantes", ele diz à BBC.
A família de Koh continua a fazer campanha pela libertação de Raymond. "Ficamos muito estressados, tem sido muito frustrante", diz Jonathan Koh. "Mas estamos trabalhando em pistas. Ainda acho que ele está vivo", finalizou.