Um grupo de líderes da Igreja Metodista Unida, a segunda maior denominação protestante nos Estados Unidos, anunciou na última sexta-feira (3) um plano que formalmente divide a igreja, citando “diferenças fundamentais” em relação ao casamento homossexual após anos de divisão.
O plano envolve a divisão da denominação com 13 milhões de membros em todo o mundo — pelo menos metade deles nos EUA — e a criação de uma nova denominação “metodista tradicionalista”, que continuaria proibindo o casamento gay, bem como a ordenação de gays e lésbicas no clero.
Segundo o jornal New York Times, é provável que a maioria das igrejas da denominação nos EUA permaneça na Igreja Metodista Unida existente, que se tornaria uma instituição mais liberal, enquanto se desvincula com as congregações conservadoras em todo o mundo.
Uma separação na Igreja Metodista vinha se formando há anos, mas chegou a um impasse em fevereiro do ano passado, quando 53% dos líderes e membros da igreja votaram a favor da proibição do casamento gay, declarando que “a prática da homossexualidade é incompatível com o ensino da religião cristã”.
Nos meses seguintes, 16 representantes da igreja se reuniram em um comitê informal que determinou que a separação era “o melhor meio de resolver nossas diferenças, permitindo que cada parte da igreja permanecesse fiel ao seu entendimento teológico”.
A Igreja Metodista Unida é a mais recente denominação a sofrer com disputas teológicas a respeito das questões LGBT. Discussões como estas provocaram um êxodo de congregações das igrejas presbiteriana e episcopal nos últimos anos, levando jovens evangélicos e católicos a também deixarem os bancos.
O plano de divisão foi elaborado durante três sessões de mediação em escritórios de advocacia em Washington. As negociações se concentraram principalmente em como alocar os ativos financeiros da igreja e em como criar um processo de separação.
Uma vez que o contrato seja redigido com mais detalhes, deve ser aprovado durante a conferência global da denominação em Minneapolis, em maio.
Embora os tradicionalistas tenham ganho a votação em 2019, são os progressistas que permanecerão sob a bandeira da Igreja Metodista Unida. As igrejas locais escolherão se irão aderir à nova denominação tradicionalista ou permanecerão na Metodista Unida.
Conservadores e progressistas
Enquanto uma pluralidade de metodistas americanos se considera conservadora, de acordo com uma pesquisa do Pew Research Center em 2014, seis em cada dez acreditam que a homossexualidade deve ser aceita e quase metade favorece o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A Wesleyan Covenant Association, uma rede mais conservadora de leigos, clérigos e igrejas metodistas ortodoxas, está se preparando para essa divisão há anos, segundo seu presidente, Rev. Keith Boyette.
“Pessoas de todas as perspectivas teológicas se cansaram do conflito e não têm uma visão de como ele poderia acabar”, disse Boyette. Embora o reverendo discorde profundamente dos “centristas e progressistas” em certos assuntos, ele disse que as pessoas não podem ser compelidas a deixar a igreja metodista. Portanto, os tradicionalistas concordam em fazê-lo voluntariamente.
“Acredito que nosso testemunho e mensagem são muito mais importantes que um nome”, disse ele, estimando que cerca de um terço das igrejas americanas poderiam seguir a divisão tradicionalista.