Há seis meses, a cidade de Kherson, no sul da Ucrânia, tem sofrido com a ocupação das tropas russas. Os moradores enfrentam escassez, perseguição e violência por parte dos militares.
“Na margem esquerda, os ocupantes continuam a intimidar e sequestrar pessoas. Nas últimas semanas, testemunhamos o sequestro de um casal e, no dia seguinte, uma mulher foi enforcada no centro de Skadovsk só porque ela disse que Skadovsk é da Ucrânia”, relatou Serhii Khlan, deputado do Conselho de Kherson Oblast, à CBN News.
“Assim, os ocupantes continuam a intimidar a população, com o sequestro de pessoas nos territórios ocupados”.
Em meio ao caos e atrocidades, estão surgindo testemunhos de livramento, como o do pastor Alexander, sua esposa e seus dez filhos.
“Quando os russos assumiram, não tínhamos certeza do que fazer, mas decidimos continuar com nossos cultos na igreja”, disse o pastor, em entrevista à CBN News.
Depois de revistarem a casa da família por diversas vezes, soldados russos prenderam Alexander, na frente de seus filhos, no dia 6 de setembro.
"Fui mantido em confinamento solitário por seis dias. Então, eles me colocaram em uma cela onde havia sete pessoas, mas apenas três camas”, revelou.
Os russos tentaram acusar o líder de ser um nazista, por ter uma bandeira israelense em seu escritório. Mas, Alexander estava preocupado com as fotos em seu telefone que comprovaram sua cooperação com o exército ucraniano.
"Muitos americanos doaram para ajudar na construção de nossa igreja. [O interrogador] me acusou de ser um agente americano. Ele estava apenas procurando um motivo para me manter”, comentou o pastor.
Durante o interrogatório, o primeiro milagre aconteceu. “Orei para que eles nem sequer vissem meu telefone e o Senhor fechou os olhos para ele”.
Pregando na prisão
Na prisão, o líder ucraniano aproveitou a oportunidade para compartilhar o Evangelho com os outros presos.
"Minha esposa conseguiu me dar uma pequena Bíblia. Então, com isso, comecei a testemunhar para os outros homens que estávamos lá juntos por mais 10 dias. No sétimo dia, todos eles fizeram de Jesus Cristo seu Senhor. Isso foi quando eu finalmente percebi por que eu estava lá”, testemunhou.
Enquanto os dias na prisão russa passavam, Alexander não sabia se veria sua família novamente.
“Enquanto eu estava sendo interrogado, o comandante disse: 'Se dependesse de mim, eu atiraria em todos vocês agora e os jogaria no aterro sanitário'. Eles odeiam tanto os ucranianos. Eles não suportam nem ouvir a palavra Ucrânia’”, denunciou.
Libertação milagrosa
Após 15 dias detido, o pastor foi liberto em um verdadeiro milagre. "Um padre ortodoxo que eu nunca conheci veio ao comandante e pediu-lhe que me libertasse. E ele concordou com uma condição - ficar com meu carro”, contou Alexander.
Depois de passar por vários postos de controle, o pastor e sua família chegaram com segurança ao território ucraniano.
“Eu vi tanta alegria nos olhos dos meus filhos quando eles encontraram os ucranianos pela primeira vez”, comentou Alexander.
"Eles viram um soldado e disseram: 'Olha, eles não têm máscaras. Os russos estão quase todos andando com máscaras’. E eu disse: 'Isso é porque eles não têm nada a esconder. Bandidos sempre usam uma máscara'".
Hoje, o líder está em Kiev ajudando igrejas locais e ora para que possa voltar para casa em breve, enquanto as forças ucranianas avançam para retomar Kherson.
"Deus está cuidando de nós aqui, e por mais que demore, sei que continuará cuidando de nós. Então, estou tentando buscar primeiro o Reino de Deus e esperar que tudo mais seja acrescentado", declarou Alexander.